domingo, 18 de julho de 2010

Crítica: A Ressaca (Hot Tub Time Machine, 2010)

Por: Dimitri Yuri

Uma homenagem aos clássicos do gênero "viagem no tempo", "A Ressaca" junta muitos elementos de outros filmes, mas não mostra nada novo, e também não tem um enredo muito divertido como o de "De Volta Para o Futuro". Ele só não é um filme completamente ruim, pois ele tem engraçadíssimas atuações pelos quatro protagonistas, e pelo fato dele não se levar muito à sério.

Nós somos apresentados à três antigos amigos, que se juntam novamente após um deles sofrer um acidente e ir parar no hospital. Ele são Adam (John Cusack), Nick (Craig Robinson) e Lou (Rob Corddry). O primeiro é um recém-divorciado, que não está nem um pouco satisfeito com a vida que leva. Lou é um doido que só quer saber de ficar doidão e fazer a mesmas besteiras que fazia quando era jovem (ele que foi pro hospital). Dos três amigos, Nick é que aparentemente está mais contente com a sua vida, ele está casado, e parece ser o mais maduro do grupo. O problema é que eles começam a suspeitar que o acidente de Nick foi, na verdade, uma tentativa de suicídio.

E preocupados com o amigo, eles resolvem fazer uma viagem para a cidade que eles iam passar férias quando estavam na flor da idade. Mas quando os quatro chegam na cidade (o quarto membro do grupo é Jacob, interpretado por Clark Duke, ele é o sobrinho de Adam que acaba indo junto na viagem) eles descobrem ela está quase abandonada e o antigo hotel em que eles ficavam está caindo aos pedaços. Mas mesmo assim eles resolvem passar a noite no local. E enquanto eles estam conversando na Jacuzzi, algum tipo de mágica acontece, que eles vão parar na década de 80. Assim como na maioria dos filmes do gênero, eles tem que tomar cuidado para não alterar o futuro e tentar achar um jeito de sair dali.


Esse é o segundo filme de Steve Pink (que já tinha feito o fraco, mas divertido "Aprovados"). E ele acerta na maioria de suas escolhas, a auto-sátira é bem colocada mas há algumas montagens frenéticas que destoam do resto do filme. Ele abraça a fantasia que foi tão popular naquela década, e esquece esse negócio de tentar ser realista. Mas o maior triunfo do filme é o fato de ter deixado os quatro atores principais fazerem o que sabem, e estabelecerem uma grande química em cena (mesmo com a relação entre eles sendo um pouco cliché). Nesse aspecto dos amigos, o filme se parece "Se Beber, Não Case", mas não é tão engraçado. A trilha sonora é muito boa, com classicos dos anos 80 que agradarão qualquer um que goste desse estilo musical.

Como é de se esperar, o roteiro está entupido de alusões à outros filmes, mas não se preocupa em criar uma coisa nova. As piadas vem na maior parte dos dialogos, mas o filme tem as suas recaídas em que mostra simplesmente pessoas caindo no chão para, sem sucesso, conseguir humor. O enredo tem aquela mesma história de "não fazer nada que possa alterar o futuro", que é divertida, mas já está velha e batida. O fato de todos os protagonistas se drogarem no filme (que é um dos maiores problemas com os filmes de Judd Apatow) está presente em quase todas as cenas desse. Pode até ser assim que eles levam a vida deles, mas jovens/adultos drogados, filosofando sobre o quão insignificante é a vida, não é engraçado, e sim incrivelmente chato. A única coisa boa é que o final é diferente de todos os outros e muito satisfatório.

John Cusack (que parece ter se especializado em personagens que se recusam a amadurecer) faz a mesma coisa de sempre nesse aqui, e apesar de funcionar e ser um bom ator, não se da tão bem na comédia, e quando comparado com Craig Robinson (que tem um tempo cômico admirável) fica bem fraquinho. Rob Corddry é, como sempre, hilário e no entrega as melhores piadas do filme. Clark Duke surpreende fazendo um adolescente plausível (que é misteriosamente mais maduro que os adultos) e engraçado. Uma participação muito divertida é a de Crispin Glover (que esteve em "De Volta para o Futuro") fazendo o carregador de malas complexado por não ter um braço.

Veredito: Pode ter alusões e performances engraçadas, mas "A Ressaca" não tem um roteiro suficientemente inspirado para sobreviver sozinho.

Nota: 2/5

sábado, 17 de julho de 2010

Crítica: A Origem (Inception, 2010)

Por: Dimitri Yuri

Já está na hora de reconhecermos que Christopher Nolan é um dos melhores diretores atuais, pois já com sete filmes ele mantém um nível de qualidade admirável (mesmo "Insônia", que eu considero os mais fraco de seus filmes, ainda tem que ser classificado como "bom"). "A Origem" é talvez o projeto mais pessoal do diretor, ele pôs muito esforço e o resultado não é nada menos que o esperado, uma obra-prima. Algumas pessoas comparam esse filmes com "Matrix", mas na verdade, ele ultrapassa com folga o filme dos irmãos Watchowski, pois além de ter os visuais magníficos, "A Origem" é um filme realmente inteligente, e não igual ao "Matrix", que se acha muito mais complexo do que realmente é.

"A Origem" conta a história de Cobb (Leonardo DiCaprio). E como ele mesmo explica no filme, Cobb é especializado em tipo de segurança muito específico, segurança do subconsciente. Ele e seu antigo parceiro Arthur (Joseph Gordon-Levitt) realizam alguns trabalhos relacionados à espionagem industrial. Nós descobrimos que Cobb está sendo acusado de ter matado a sua mulher (Marion Cotillard) e que algumas pessoas estão atrás dele (o que o impede de voltar para casa e ver seus filhos). O trabalho de Cobb e Arthur é basicamente criar um sonho, levar a vítima ao sonho deles, e aí ela enche o sonho com o subconsciente dela, possibilitando assim, o roubo de informações vitais da mente da pessoa.

É aí que Cobb recebe uma proposta de um importante empresário (Ken Watanabe), que diz poder limpar sua ficha desde que eles tenham êxito no serviço, que consiste em uma tarefa nunca antes feita. Ao invés de roubar uma ideia da mente de uma pessoa, ele terão que plantar uma. Para isso eles precisarão de uma equipe maior, e é aí que eles recrutam Eames (Tom Hardy) e Eriadne (Ellen Page). O detalhe é que a última não tem experiência nenhuma nesse ramo de espionagem, e é por isso que Cobb tem que treina-la (o que acaba nos "treinando" também). Para realizar esse trabalho eles vão precisar de um plane brilhante e excelentemente executado, mas os antigos tormentos de Cobb podem colocar a missão em risco.


Tratando-se de técnica narrativa, Christopher Nolan é um dos melhores diretores atuais (nos mostra isso desde "Amnésia"). Ele trabalhou nesse filme por 10 anos, e parece que aproveitou cada minuto desses anos trabalhando na sua própria narrativa para o filme. Ele esclarece a complexidade do filme quase com perfeição, e o mundo que cria para tornar a história possível é ainda mais impressionante, mas dessa vez por sua simplicidade. Pois já que o enredo é tão complexo, ele não poderia conceber um universo fantástico e implausível como o cenário da trama. Os ambientes criados por Nolan são maravilhosamente belos, a van caindo da ponte, a montanha de neve, a cidade retorcida... Tudo fotografado com muita criatividade e objetividade por Wally Pfister. A trilha por Hans Zimmer é hipnotizante, e ele mostra novamente que é um dos melhores - se não o melhor - compositor de trilhas atualmente.

Parece que Nolan é o melhor quando o assunto é misturar elementos que os adolescentes gostam, e o que os cinéfilos gostam, assim agradando à todos. Simplificando, Christopher Nolan é a mais perfeita máquinha de dinheiro em Hollywood atualmente, e ele merece esse cargo. O que é ainda mais impressionante é que mesmo assim ele se arrisca, desde "O Cavaleiro das Trevas", em que ele coloca elementos de "Casablanca" em um filme de super-herói, até nesse aqui, que por trás de todas as explosões e cidades distorcidas, ele consegue colocar um conflito moral realmente inteligente, com ênfase no "realmente" (digo isso porque é comum as pessoas dizerem que um filme é cabeça, mas na verdade ele é só metido à esperto). A sua escolha de não converter o filme para o 3D (algo que é quase obrigatório atualmente, quando falamos de blockbusters da Warner Bros) é muito admirável, e mostra o comprometimento de Nolan com o projeto, pois ele não abre mão da qualidade visual de seu filme, só por causa de uma modinha.

Como o roteiro também é escrito por Nolan, a direção e o enredo se completam, afinal, ele teve dez anos pra planejar tudo. Esse é um roteiro em que tem muita coisa acontecendo, e muitos plot twists, mas chega um momento que você compreende tudo e é nesse minuto que você começa à admirar o filme. O clímax do terceiro ato é um dos mais poderosos que eu ja vi. Sei disso pois saí do cinema literalmente com falta de ar. Com a sensação que você tem quando acaba de ver uma obra-prima (assim como em "O Cavaleiro das Trevas"). Diferente de "Matrix", em que eles tinha aquela palhaçada de uma perfeita réplica da realidade, em "A Origem" eles reconhecem que aquilo era uma grande mentira (os objetos que cada integrante da equipe tem para testar a realidade é a prova disso).

Leonardo DiCaprio faz a mesma coisa de sempre (se parece principalmente com seu personagem Teddy Daniels de "A Ilha do Medo"), ele está só normal, mas não se destaca muito (vale mais à pena vê-lo no filme de Scorsese). Elle Page me surpreendeu bastante nesse aqui, as reações dela soam plausíveis e ela passa uma confiança admirável (muito difícil, considerando que ela parece uma adolescente). Joseph Gordon-Levitt mostra novamente que tem muito talento e potencial, ele acerta nos alívios cômicos e é muito carismático. Michael Caine também não se esforça muito para fazer o seu personagem, que é mais uma reciclagem do Alfred dos Batmans de Nolan. Ele só não é tão proximo de Cobb, como era de Bruce Wayne. Mas de todo elenco, quem mais deixa sua marca é Tom Hardy (que já esteve no fraco "RocknRolla"), pois tem a mistura perfeita de dureza e inteligência, é sem duvida o mais engraçado dos atores e rouba a cena sempre que aparece.

Veredicto: Junto com "A Ilha do Medo" esse filme é o melhor do ano até agora, e dificilmente será superado. E eu estou contando os dias para o próximo trabalho desse diretor que provavelmente entrara para a lista dos melhores da história daqui a um tempo (DiCaprio pode não levar muita coisa para os filmes, mas ele certamente sabe escolher em quais estrelar).

Nota: 5/5

terça-feira, 6 de julho de 2010

Crítica: O Poderoso Chefão: Parte III (The Godfather: Part III, 1990)

Por: Dimitri Yuri

Inexplicavelmente um dos filmes mais subestimados de todos os tempos. Está certo que é difícil igualar os primeiros capítulos da trilogia, mas não se pode dar menos de 5 estrelas para um filme como esse. Ele tem um roteiro, direção e atuações exceletes, nos traz um final satisfatório para uma história tão famosa e aclamada. Com esse filme nós podemos dizer que a trilogia "O Poderoso Chefão" é a melhor da história do cinema (e ainda a pessoas que a compara com "O Senhor dos Anéis". Pelo amor de Deus!).

Passaram-se alguns anos e nós vemos Michael Corleone (Al Pacino) já velho, fazendo caridades e tentando ao máximo limpar o seu nome, tirando qualquer relação possível com a máfia. Agora nós percebemos um protagonista amargurado e atormentado por todos os seus pecados passados (principalmente a morte de Fredo). Nós vemos um Michael Corleone buscando redenção logo na primeira cena do filme, em que ele está tentando se re-aproximar de seus filhos (Sofia Copolla e Franc D'Ambrosio) e de Kay (Diane Keaton) entre outras coisas. Nós também somos apresentados à um novo e importante personagem, ele se chama Vincent Mancini (Andy Garcia), e tem uma personalidade muita parecida com a de seu pai, Sonny Corleone do primeiro filme (irmão de Michael). Michael vê em Vincent aquela mesma paixão pela família que tinha o seu irmão, e se identifica com ele.

Michael planeja um grande investimento em uma empresa italiana chamada Immobiliare, e pra isso ele precisa inclusive da aprovação do Vaticano (que controla parte da empresa). Quando os outros Dons de Nova York descobrem sobre esse investimento, eles pedem à Michael para terem uma parte nisso tudo. É aí que ele marca uma reunião com todos os chefes para explica-los que ele quer legitimar os negócios de sua família e etc. Nessa reunião acontece um atentado aos Dons e a maioria deles morre. Michael começa a suspeitar de algumas pessoas, mas o verdadeiro inimigo ainda não apareceu. A situação de Michael é bem definida por uma de suas falas: "Logo quando eu penso que saí, eles me puxam de novo". Paralelo à isso, Michael introduz Vincent à família e o ensina coisas que ele próprio aprendeu ao longo de sua vida como Don.


Assim como nos dois filmes anteriores, os conflitos interiores de seus personagens, são tão bons quanto os exteriores (traições, planos, assassinatos e etc.). Ele apresenta elementos parecidos com os dos últimos capítulos da trilogia (um atentado onde não se sabe ao certo o culpado e etc) mas os usa tão bem, que nós não temos aquele Deja-Vu que nos deixa entediados. O arco de amadurecimento de Vincent é muito bem feito e realista. Realçado pela atuação inteligente de Andy Garcia, nós conseguimos ver a diferença entre o Vincent do início do filme (agressivo e cabeça quente) e o do final (frio e calculista, mas sem perder algumas das característicase seu pai). Do outro lado nós temos Michael fechando o seu desenvolvimento (que aconteceu ao longo dos três filmes), arrependido de seus atos, e buscando ser "bom" de novo (assim como era no início do primeiro filme).

Outra novidade na história é a personagem de Connie, que agora que envelheceu e aprendeu os valores tradicionais da família. E se nos outros filmes ela era um perua fútil, nesse ela é quase um funcionário da família, tomando iniciativas e dando ordens. Ela virou uma espécie de braço direito de Michael. Tudo isso é feito com excelência, mas sem duvida o grande triunfo do roteiro é o fato dele respeitar as antigas tradições, não só da Cecília, mas da própria igreja católica. Ele entende que existe uma filosofia muito mais profunda por traz disso tudo, e não a trata como uma coisa simples (algo quase impossível de achar hoje em dia, em que nós temos roteiristas que no auge de sua ignorância, acham que sabem o suficiente sobre um filosofia milenar para fazer críticas em seu filme).

Francis Ford Copolla continua excelente, mas ele se apresenta muito mais solto para realizar suas vontades (ele e Gordon Willis adquiriram muita confiança após os dois primeiros filmes), isso gera alguns pequenos errinhos. Os tiroteios estão mais parecidos com os de filmes de ação (principalmente o do encontro de Dons) o que tira um pouco daquela violência realistica que era tão importante nos dois primeiros filmes, isso aconteceu porque, afinal, esse filme foi filmado 16 anos depois do último, e muita coisa mudou. Mas no geral o filme continua oldschool. O modo em que o terceiro ato foi filmado faz uma referência clara ao final do primeiro filme, criando um excelente clímax e terminando com um momento bem dramático. Fica melhor ainda pois é tudo ao som da "Cavalleria Rusticana". Carmine Coppolla (pai de Francis) não se contenta com o que já tinha sido feito anteriormente, e cria mais uma trilha sonora magnífica, que apesar de não brilhar como as outras duas (afinal, é difícil a competição), é melhor do que quase todas as trilhas atuais. Realmente faz juz à Nino Rota.

Al Pacino realmente me surpreendeu nesse aqui. Ele continua dando os seus gritos raivosos, mas ele nos faz sentir pena do personagem de Michael (o que é muito difícil, porquê nós sabemos todas as coisas que ele fez anteriormente). Nós acabamos entendendo o que o levou a tomar muitas daquelas decisões (assim como Kay também entendeu). Ele só peca por não convecer como um velho doente, algo que Marlon Brando fez excepcionalmente bem no primeiro filme. Sofia Copolla não é tão ruim atuando como as pessoas dizem. Ela até pode exagerar um pouco na voz meio mole, mas no geral, ela me convenceu como uma jovem curiosa e apaixonada. É uma pena que agora nós não vemos Robert Duvall como Tom Hagen (ele pediu dinheiro demais e o estúdio não aceitou), mas em compensação, Talia Shire brilha bastante interpretando Connie (que, assim como dito anteriormente, tem mais espaço no terceiro filme). Andy Garcia é carismatico e mostra bem a evolução de seu personagem, o problema é que ele não passa nem metade da competência que Al Pacino e Marlon Brando passaram nos dois primeiros filmes.

Veredicto: Pode não alcançar o status de perfeição como seu antecessores, mas "O Poderoso Chefão: Parte III" não é só um magnífico filme, é o fim da melhor trilogia já feita.

Nota: 5/5

domingo, 4 de julho de 2010

Crítica: O Poderoso Chefão: Parte II (The Godfather: Part II, 1974)

Por: Dimitri Yuri

Aclamada por muitos que dizem que é a melhor continuação da história do cinema. "O Poderoso Chefão: Parte II", acerta em quase tudo em que aposta. É a nossa chance de ver mais um pouquinho dessa interessante história, em um filme que quase iguala o seu antecessor. A direção, atuações, fotografia, roteiro e trilha sonora continuam excelentes, mostrando cada vez mais a sabedoria e habilidade de Francis Ford Coppolla quando o assunto é fazer um bom filme.

O filme intercala entre duas histórias. A primeira é a verdadeira continuação do primeiro filme. Nós vemos Michael (Al Pacino) como o Don, realizando as mesmas tarefas que seu pai era encarregado. É aí que ele sofre um atentado contra a sua vida dentro de casa. Isso o faz re-pensar em seus amigos, pois alguém o traiu e ele precisa saber quem foi antes que tenha outro atentado. Michael, como toda a sua inteligência, começa um jogo de cintura com os possíveis suspeitos para ganhar a confiança deles e assim descobrir quem foi o mandante do ataque. Kay (Diane Keaton) também está dando problemas para Michael, pois ela não aguenta mais viver daquele jeito, e quando precisa dele, ele nunca está presente (ela ameaça fugir de casa). Tudo complica quando Michael começa a suspeitar que alguém de dentro da família está colaborando com os seus inimigos.

A segunda história conta a ascenção de Vito Corleone (Robert DeNiro). Nós o vemos desde pequeno na Cecília, quando sua família inteira foi morta por um Don local, e ele tem que fugir para os Estados Unidos da América. Depois nós o vemos um pouco mais velho, já casado e com um filho (Sonny). Ele começa a realizar pequenos furtos com os seus amigos, até que Don Fanucci (Gastone Moschin), que recebe uma parte de quase todos os negócios do bairro, começa a extorquir Vito e seus parceiros. Não contente com isso, ele consegue assassinar Don Fanucci, e assim as pessoas começam a trata-lo como o novo Don da região. Realizando e pedindo favores às pessoas do bairro, ele consegue dinheiro para montar uma empresa que importa azeite de oliva da Cecília, e assim começa a família Corleone.


O roteiro fica de novo por conta de Coppolla e Puzo. Desta vez dividido em duas histórias diferentes, mas que são extremamente bem trabalhadas, com conflitos interessantes e atos perfeitamente desenvolvidos (tão bom que poderiam ser divididas em dois filmes), apesar do filme se concentrar mais na história de Michael, todas as vezes em que voltamos para Vito são especiais e bem feitas. Eles fazem um excelente uso dessas duas histórias, pois mesmo o filme tendo 3:20 de duração, você não fica cansado (não estou dizendo que passa rápido, mas ele simplesmente não te deixa sair da tela).

Na tragetória dos três filmes, o personagem de Michael faz um arco de um homem bom e consciente do que é certo e errado, que passa para um personagem que faz tudo pelo bem da família (mesmo que isso signifique fazer mal aos outros), até que no final ele se arrepende de seus atos, e tenta viver como um homem decente novamente. No segundo filme da trilogia é onde nosso protagonista se encontra no seu estado mais baixo de moralidade e decência. Por outro lado a história de vida de Vito Corleone é realmente impressionante. Se não fosse pelo fato dele ter se tornado um mafioso, nós o poderiamos chamar de "grande homem" (algo que Marlon já mostrou no primeiro filme, com sua aparência de "bom velhinho", que intercalava com o Vito frio que tinha uma importante família para cuidar). Mesmo antes de entrar para a máfia, ele já tinha esse conhecimento de valores da família e retribuição de favores (que veio da sua criação ceciliana).

Tecnicamente o filme continua perfeito. Eles não só recriam muito bem os anos 40-60, como já tinham feito no outro filme, mas também a Nova York ainda mais antiga (1900-1920), e algumas breves partes na Itália (você percebe claramente a diferença entre os lugares, até pela abertura da câmera, que ele usam para dar o tom desértico da Cecília). Coppolla e Gordon Willis continuam se superando e filmando de um jeito clássico que dá um toque de realismo impressionante para o filme (repare em como a violência é bem usada ao longo da trilogia). Eles continuam introduzindo a situação em que seus personagens se encontram logo nas primeiras cenas em que são mostrados (poupando longos diálogos desnecessários, ainda mais em um filme de 3:20 de duração), seja por meio de direção afiada de Coppola ou pelo roteiro bem trabalhado. A trilha de Nino Rota também continua maravilhosa, desta vez dá um certo glamour para refletir a situação financeira dos Corleone. Mas quando o filme muda pra núcleo da Nova York mais antiga e que Vito Corleone tinha dificuldades no orçamento, todo o clima e trilha mudam. E só de ouvir o tema do filme nos primeiros minutos já é de dar arrepios.

Michael realmente mostra a sua frieza em alguns momentos. como a primeira conversa com o senador, por exemplo, que xinga a família dele, e Michael se segura para não fazer nada. Mas Al Pacino está um pouco mais solto neste do que no primeiro filme, o que é um mal sinal. E mesmo com ele ainda mostrando e calma e inteligência de Michael presentes no filme anterior, agora ele tem crises de raiva de vez em quando, com Pacino gritando como sempre (não está ruim, só que é um queda no nivel de atuação, comparado com ele mesmo no primeiro filme e, principalmente, com Marlon Brando). O personagem está passando por mudanças, mas o jeito e personalidade dele não deveria mudar.

Robert De Niro é realmente sensacional. Ele faz juz a clássica interpretação de Vito Corleone por Marlon Brando, e tenta descobrir como seria aquele homem mais jovem, acertando em cheio. Você consegue ver traços de Marlon em sua atuação, e se apresenta calmo e calculista, assim com é mostrado no primeiro filme. Ele faz a voz roca assim como usada por Marlon anteriormente, mas não força muito pois, afinal, ele está bem mais jovem e com saúde. Rubert Duvall está melhor ainda aqui (até porque ele tem mais falas e importância no geral). Mostrando, muito habilmente, sua competência e o amor que ele sente pela família Corleone. E você nunca duvida da lealdade dele (algo dificil, considerando que a maioria dos personagens traem um ao outro ao longo da série).

Veredicto: Provavelmente a melhor continuação da história do cinema. Apesar de não ser tão bom quanto o primeiro (afinal, é o melhor filme já feito), a segunda parte da trilogia "O Poderoso Chefão" é um filme excepcional em quase todos os sentidos.

Nota: 5/5

sábado, 3 de julho de 2010

Crítica: Greenberg (2010)

Por: Dimitri Yuri

Greenberg é um típico filme "cabeça" que agrada a maioria dos críticos de hoje em dia. Você pode até se deixar levar pelo direção estilosa de Noah Baumbach. Mas se pararmos para analisar bem, ele conta a história de um homem sem graça (que tem 40 anos, mas com a maturidade de um adolescente) vivendo um romance frio e falso, e mais alguns dilemas bobinhos. Vendo por esse lado, não sobre muita coisa boa do filme.

nós somos apresentandos à Florence Marr (Greta Gerwig), uma jovem de 25 anos, que quando os seus amigos Phillip e Carol tem que viajar para negócios, ela tem o trabalho de ajudar o irmão de Phillip, que veio de Nova York, à cuidar da casa e do cachorro que tiveram que ficar. Esse homem se chama Roger Greenberg (Ben Stiller), e ele acabou de ter um distúrbio mental, que não é muito bem explicado. Greenberg é um homem muito sozinho e extremamente melancólico, que passa boa parte do seu tempo escrevendo cartas com reclamações para inúmeras empresas e entidades (pode até proporcionar algumas risadas, mas se você parar pra pensar, ele tem 45 anos de idade e ainda faz essas bobeiras e inutilidades).

Roger começa um mini-romance com Florence (que não dá muito certo, pois afinal, o nosso personagem principal é um sociopata depressivo). Ele também revê o seu amigo Ivan Schrank (Rhys Ifans), que é sem duvida o personagem mais maduro e sensato do filme inteiro. Na verdade acontece muito pouca coisa, esse romance inconvincente continua com alguns problemas e com Roger ainda vivendo como um adolescente . Finalmente quando o seu amigo tenta dar-lo um conselho, ele o ignora.


Sem duvida o roteiro é onde o filme tem menos êxito. Desde erros inacreditaveis (como o fato dele não ter uma boa divisão de atos) até alguns que agradam a maioria dos criticos atuais, mas na verdade são grandes falhas (o filme é metido à inteligente, mas ele é incrivelmente infantil e imaturo). Os personagens vivem problemas mediocres e algumas pessoas gostam deles (isso mostra que elas estão no mesmo nível de imaturidade do nosso protagonista). A maioria dos conflitos acontecem por causa da maluquice de Roger e não por um motivo plausível e satisfatório. Sem falar que ficar vendo um homem, que ja é doido, usar drogas, não é uma coisa muito agradável. Pra resumir, ninguém gostaria de ter os protagonistas como amigos (não porque ele são perigosos, como em filmes de ação ou mafia, mas porque eles são muito sem graça e imaturos)

Tecnicamente o filme é bom. Apesar de exagerar na melancolia, o diretor Noah Baumbach (também responsável por "A Lula e a Baleia" e roteirista assistente de alguns filmes de Wes Anderson) sabe conduzir algumas boas piadas (mesmo assim, nem todas funcionam). A edição por Tim Streeto se sobressái, por ajudar a impulsionar piadas e a construir o clima necessário para a cena (repare na primeira festa do filme, quando ele usa Jump Cuts para fazer humor e estabelecer o tom da narrativa). A trilha sonora é na maior parte boa, combina rock clássico com alternativo, mas nada que realmente mereça destaque.

As atuações são boas também, principalmente por Ben Stiller, que mesmo tendo um péssimo personagem para trabalhar, consegue dominar a cena sempre que aparece. Ele possúi uma combinação certa de comédia e seriedade que funciona tanto para o humor quanto para o drama. Greta Gerwig é até simpatica, mas o seu personagem nos tira qualquer possibilidade de apego à ela. A surpresa fica por conta de Rhys Ifans (que, como eu já disse, é o personagem mais maduro do filme), fazendo um homem carismático mesmo com poucas falas e justifica o fato de todos gostarem dele, pena que ele não teve muitas falas e aparições.

Veredicto: Pode enganar muitos com o seu estilo "cabeça". Mas basta uma análise um pouco mais profunda para encontrar enormes falhas no roteiro. E a idiotice levada à sério, é uma coisa que deveria ser proibida nos filmes.

Nota:1.5/5

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Crítica: Os Irmãos Cara-de-Pau (The Blues Brothers, 1980)

Por: Dimitri Yuri

Esse é um filme muito descompromissado, mas isso funciona excepcionalmente bem para a sua comédia (e também para defini-lo como único). E se o filme é quase um musical, a música tem que ser boa. Portanto é com alívio que eu digo que esta é uma das melhores trilhas sonoras de todos os tempos. Nenhum fã de Blues ou Soul ficará desapontado. Sem falar que o filme é muito, mas muito engraçado.

O filme começa na prisão, onde vemos um sujeito misterioso com uma tatuagem na mão com o nome Jake (John Belushi). Ele está saindo da cadeia e quem vai buscá-lo é o seu irmão Elwood (Dan Aykroyd). Mostrando a conversa deles no carro nós ficamos sabendo como é a relação entre os irmãos e o mais importante, eles são grandes músicos. Eles estão indo visitar o lugar onde foram criados por freiras. Reparem que a cena é filmada de um modo bem sério, até o ponto em que eles pulam da ponte, o que contrasta muito e assusta, é impossível não rir (a mesma técnica foi usada em "Muito Além do Jardim", que é uma comédia filmada como um drama, e sempre nos surpreende).

Chegando nesse antigo lar, os irmãos descobrem através de uma freira assustadora que a igreja parou de financiar o abrigo e ele vai ser vendido para o ministério da educação, a não ser que arranjem 5,000 dólares a tempo. Com a idéia de roubar (afinal, eles são totalmente fora da lei), os irmãos se oferecem para ajudar. Mas a freira percebe que eles conseguirão o dinheiro ilegalmente e não aceita. Contudo, ao visitar uma igreja bem musical (onde o reverendo é ninguém menos que James Brown) Jake tem a brilhante idéia de remontar a antiga banda dos irmãos (os "Blues Brother" do título original do filme). Eles então partem em uma missão para achar os antigos integrantes da banda, convencê-los a voltar e fazerem 5,000 dólares em um curto período.

Além do enredo ser muito divertido (mistura Road-Movie com uma comédia bem baixa, quase satírica), os diálogos são sensacionais e lembrados até hoje. Desde o clássico "Eles não vão nos pegar, nós estamos em uma missão para Deus" até quando Jake pergunta ao irmão com qual frequência o trem passa perto do apartamento, e Elwood responde: "Tão frequentemente que você nem vai notar" e inúmeras grandes tiradas. O inesperado dá um charme único ao filme, você acabará rindo muito e nem saberá porquê. O melhor é que coisas entranhas acontecem, como o prédio que eles moram é demolido com uma bazuca e eles continuam indiferentes. Os poucos números musicais que o filme tem não possuem coreografias muito empolgantes, mas a música é sempre maravilhosa.

A direção fica por conta de John Landis (que também é responsável por "Um Príncipe em Nova York" e "Um Lobisomen Americano em Londres"). Ele é muito inteligente na maioria de sua escolhas, como os exageros de seus efeitos especiais (a freira com poderes sobrenaturais, o pulo da ponte ou a última cena, que é pra mim, a definição perfeita da palavra "caos"). Mas, provavelmente o melhor momento da direção são as perseguições de carro, que entram para a lista de melhores já feitas, prestando claras homenagens a outros grandes filmes, como "Operação França" por exemplo (só pelo fato de um filme de comédia ter uma das melhores perseguições de todos os tempos já mostra que é um filme de qualidade).

John Belushi e Dan Aykroyd dominam a tela o tempo inteiro e fazem juz a sua importância. Desde o início eles apresentam uma química invejável, e o mais importante, conseguem estabelecer um visual "Cool" e pateta ao mesmo tempo, o que os faz funcionar em todas as cenas. Outro grande momento do elenco são as participações especiais, e bota especial nisso. Aretha Franklin, James Brown e Ray Charles dividem a tela com os protagonistas e claro, têm a chance de cantar (um detalhe, todos eles estão muito bem no filme). Outro especial mas que não é cantor é John Candy, que faz um hilário chefe de policia.

Veredicto: Você não pode perder esse filme por dois motivos: primeiro, ele é extremamente engraçado e tem ótima música. Segundo, eles estão em uma missão de Deus!

Nota:4.5/5

sábado, 26 de junho de 2010

Momentos importantes da história do cinema: Parte 2

1940 - 1950:

- David Lean e Laurence Olivier se sobressaíram nesse período.

- "Casablanca" e "Cidadão Kane" foram lançados, e são considerados até hoje por serem um dos melhores filmes de todos os tempos (estão no top 3 da lista da AFI).

- Animações da Disney já faziam muito sucesso.

1950 - 1960:

- Eles começaram a largar os estúdios, e partiram para filmar em locações.

- O fim da "era de ouro" de Hollywood.

- Houve uma queda no índice de público nesse período.

- Marlon Brando e Paul Newman se sobressaíram.

1960 - 1970:

- A revista francesa "Cahiers Du Cinema", com a teoria do "auteur" passou a dar mais importância ao diretor do filme, pois assim como na arte, que se tem um autor, no cinema essa passoa é o diretor.

- Fellini e Antonioni se destacaram na Itália, e Akira Kurosawa no Japão.

- "Bonnie e Clyde" foi o primeiro filme a romantizar a bandidagem.

1970 - 1960
:

- Extinção do código Hays de censura e o início da classificação etária (que nós temos até hoje).

- Nova Hollywood: Martin Scorsese, Francis Ford Coppola, Steven Spielberg, Robert Altman, Brian De Palma e etc.

- "Tubarão" e "Star Wars" inauguraram os blockbusters.

- O fim de semana de estréia passou a ter mais importância.

1980 - 1990:

- Filmes sobre a guerra do Vietnam foram muito populares.

- Video-Cassetes: Steven Seagal e Chuck Norris faziam filmes diretos para VHS.

- Filmes eram direcionados para o público mais jovem.

- Cinema de ação de Hong Kong se sobressai.

- Foram inaugurados os primeiros cinemas Multiplex (um complexo de salas).

1990-2000:

- Cinema Independente: Quentin Tarantino e Kevin Smith se sobressaíram.

- Popularização dos DVDs.

2000 - 2010
:

- Handheld usado para filmes com aspecto quase documental ("As Bruxas de Blair", "Cloverfield", "Atividade Paranormal")

- Motion Capture: a captura de movimentos foi popularizada com filmes como "O Senhor dos Anéis".


Fonte: "Almanaque do Cinema" do Omelete.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Momentos importantes da história do cinema: Parte 1

É claro que isso aqui está bem resumido. Se quiserem mais informações é aconselhável que comprem algum livro sobre a história do cinema (não vale a pena ver tudo na internet).

1890 - 1900:

- Os irmãos Lumière (Auguste e Louis) inventaram o cinematógrafo, que consistia em uma câmera, um revelador de filme e um projetor.

- A primeira sessão pública ocorreu em 1895. Eram tomadas curtas, como cerca de um minuto e mostravam cenas e situações do dia-a-dia.

1900 - 1910:

- Filmes tinham até 20 minutos de duração.

- Duelo entre a Mutoscope e a Kinescope, que eram as líderes no mercado de cinemas de bairro dos Estados Unidos.

- George Méliès lançou seu curta, "Le Voyage Dans La Lune". Enquanto os Lumière faziam filmes com simples cenas do cotidiano, Méliès começou a usar o poder da ilusão e efeitos (ele era um mágico), foi pioneiro no Stop-Motion entre outras técnicas.

1910 - 1920:

- O primeiro longa-metragem foi lançado por D. W. Griffith, "O Nascimento de Uma Nação" (The Birth of a Nation). E, apesar do filme ser abertamente racista, foi um marco, pois inventou o Flashback, Cross-Cutting, Fade In/Fade Out e Close-Ups. Além de mostrar que filmes mais longos eram viáveis.

- Chaplin lançou seu primeiro curta, "The Tramp".

1920 - 1930:

- Os Estados Unidos já pruduziam 80% de todos os longas lançados naquele ano.

- O expressionismo alemão surgiu, um exemplo de pioneiro desse estilo é "O Gabinete do Dr. Caligari", que começou a distorcer a realidade para mostrar metáforas e etc. Também tinha uma iluminação sombria, muitas vezes vindo de baixo para cima (Tim Burton se inspira muito nesse estilo.

- F. W. Murnau e Fritz Lang vieram para a América.

1930 - 1940 :

- Talkies: os primeiros filmes com áudio foram lançados.

- Frank Capra, John Ford, Billy Wilder, Alfred Hitchcock e Walt Disney se sobressaíram.

- A "era de ouro" de Hollywood. "O Mágico de Oz", "E o Vento Levou", "Nos Tempos das Diligências", "A Mulher Faz o Homem" foram lançados.

- Início do Código Hays de censura.

Fonte: "Almanaque do Cinema" do Omelete.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Crítica: Busca Implacável (Taken, 2008)

Por: Dimitri Yuri

Eu não entendo algumas más críticas sobre esse trabalho, pois fui vê-lo procurando um bom filme de investigação, com cenas de ação bem feitas e uma excelente performance por Liam Neeson (o que já é de se esperar) e, quando terminou, eu estava com todas essas vontades realizadas. Eles dizem que falta coração para o filme, mas a história de um homem que tem a sua filha sequestrada, parte em uma busca para encontrá-la e nesse tempo tem que ficar se convencendo de que ele um dia a encontrará de novo, é suficientemente complexa para mim (e raras hoje em dia).

O filme começa com Bryan (Neeson) vendo vídeos antigos de sua filha Kim (Maggie Grace) brincando e etc (há uma cena parecida no novo filme "O Fim da Escuridão"). Bryan é um ex-agente secreto (dá a entender que era da CIA), que se aposentou para poder ficar com a sua filha, mesmo já sendo tarde (pois sua mulher já tinha terminado com ele, exatamente pelo fato dele estar sempre ausente). O filme nos mostra a sua rotina, nos mostra o como ele é meticuloso enquanto está embalando o presente de aniversário de Kim, que é no dia seguinte (isso reflete o aspecto cuidadoso de quase todas as ações do personagem). Na festa nós vemos como é a relação entre ele e sua filha. Os dois se amam muito, mas Lenore, sua ex-mulher, não gosta muito dessa proximidade entre eles, pois tem medo dele desapontar a filha como já fez com ela (o que é um pouco cliché).

Bryan ainda se encontra com os seus antigos amigos de serviço secreto, que agora trabalham como seguranças de celebridades e gente rica em geral. Kim pede à seu pai, para ir em uma viagem à Paris com a sua amiga. Bryan no início hesita, mas para continuar sua boa relação com a filha ele acaba cedendo, com algumas condições: ele tem que ter o endereço e o telefone de onde esta ficará, entre outras coisas. O problema é que logo em seu primeiro dia de viagem Kim é sequestrada. Apenas com poucas informações (como cor de cabelos dos sequestradores e etc) passadas por ela através do telefone, Bryan descobre que os bandidos estão envolvidos com tráfico de menores e que depois de 78 horas é provavel que ele nunca mais a veja. Ele então parte em uma "Busca Implacável" para salvar sua filha.


Para começar, uma das características que eu mais admiro no roteiro (que é por parte, de Luc Besson) é o jeito com que eles conseguem mostrar pequenos aspectos da vida de seus personagens apenas com poucas coisas. Nós sabemos que Bryan é cuidadoso, frio, habilidoso e inteligente em apenas quinze minutos de filme (reparem na parte em que ele dá conselhos para a filha pelo telefone, na cena em que é, provavelmente, a melhor do filme). A trama em geral é bem feita, você nunca fica cansado, e é tudo bem plausível. Outra vantagem é que o filme consegue misturar bem a investigação e a ação, sem deixar nenhum dos dois gêneros predominarem na tela. Os diálogos são bem feitos e realistas, claro com seus grandes momentos (a cena em que Bryan conversa com o sequestrador).

Pierre Morel mostra um grande talento junto com o diretor de fotografia Michael Abramowicz, principalmente para a composição das cenas, que como eu já disse, ajudam a fazer um estudo mais profundo sobre o personagem com pouco diálogo. As cenas de ação são bem filmadas, ele sabe criar tensão, e até a cena de perseguição automotiva foi relativamente boa (o final valeu a cena toda). Como em outros filmes de Besson, esse mostra um certo amor pelas ruas de Paris e apesar de não mostrar os grandes monumentos e etc, o visual da cidade é maravilhoso. Morel sabe conduzir um bom climax e as cenas mais calmas e dramáticas também funcionam na medida do possível.

O astro do filme é realmente Liam Neeson, digo isso porque ele domina todas as cenas, e faz isso extremamente bem, passando uma competência e confiança muito apropriadas para um agente secreto veterano. Ele mostra que ainda dá conta de filmes de ação e reafirma que é um grande ator (algo que eu já não duvidava). Maggie Grace faz bem com as poucas falas que tem. E Olivier Rabourdin surpreende fazendo o misterioso Jean-Claude. Famke Janssen (a Jean Grey de "X-Men") se mostra uma mãe que tenta ser forte, mas ao ver sua filha em perigo desaba para o ex-marido (a personagem não é lá essas coisas, mas ela faz um bom trabalho com ele).

Veredicto: Um dos poucos bons filmes de ação atuais, infinitamente melhor que o recente "O Fim da Escuridão". Então, se querem ver um grande thriller de investigação, dêem prioridade a esse aqui.

Nota:4/5

Crítica: Transformers: A Vingança dos Derrotados (Transformers: Revenge of the Fallen, 2009)

Por:Dimitri Yuri

O novo filme da série "Tranformers" (digo isso pois com certeza ela terá infinitas continuações) é ruim, mas não é tão lamentável quanto os outros críticos dizem. É claro que ele tem falhas e Michael Bay não é lá essas coisas, mas o filme tem uma comédia aguçada e algumas atuações por seu elenco. E, se as pessoas reclamam que o filme tem muitas explosões e barulho, eu penso que, se é isso que eles quiseram fazer, eles foram bem sucedidos, pois os efeitos estão melhores do que nunca.

A história é muito cheia de coisas, mas o básico é que Sam Witwicky (Shia Labeouf) está indo para a faculdade (se mudando de casa) e terá que manter um namoro a distância com Mikaela (agora trabalhando na oficina do pai, que já saiu da cadeia). Os dois continuam na mesma, mas nenhum deles tem a coragem de dizer "eu te amo!". Enquanto isso alguns Decepticons vêm para a terra e ressucitam Megatron, que agora é como se fosse um capanga de um outro Prime, "O Caído"(?). Os militares acham que eles estão aqui por causa dos Autobots (como um plano de vingança ou algo parecido).

Sam começa na faculdade e vira amigo de um nerd chamado Leo Spitz (Ramon Rodriguez). O problema é que Sam está começando a ter umas visões de antigos símbolos que parecem hieróglifos (essas visões são acompanhadas por ataques quase epilépticos incontroláveis). Em uma briga com o Megatron ressuscitado, Optimus Prime é morto para proteger Sam. Mas agora sem a ajuda de Optimus, Sam está sozinho e tendo que se proteger dos Decepticons, que estão atrás das visões de Sam, e não dos Autobots, como pensam os militares, pois os símbolos que Sam vê os levarão a uma super arma que irá destruir o sol (sim, é isso mesmo que você leu!).


Provavelmente a pior coisa do filme é o roteiro. É muito complicado (não complexo) e há tantas histórias paralelas ocorrendo que no final você tem a impressão de só ter visto robôs se batendo. Eles mudam de locação de cinco em cinco minutos e muitas vezes nós não sabemos porque. Alguns furos também são notáveis, como quando eles deduzem que pelo fato de uma determinada energia ser tão poderosa, ela é capaz de ressuscitar um tranformer (energia nuclear também é poderosa e nem por isso ressuscita pessoas). O romance entre Mikaela e Sam continua artificial e extremamente cliché. A vantagem é que os alívios cômicos funcionam e muito bem. As pessoas reclamam de coisas que não tem tanta importância (só pra falar mal do filme). Por exemplo, eles colocaram dois robôs que falam e gesticulam como os negros americanos, logo, dezenas de organizações processaram o filme, e quase todos os críticos pegaram no pé disso (pelo amor de Deus!).

Um detalhe, em quase todas as grandes batalhas os pais de Sam estão presentes. E o que eles foram fazer no Egito?

Michael Bay não é tão ruim como dizem (não estou dizendo que ele é bom). Apesar de alguns erros ele sabe filmar as cenas de ação e nós ficamos presos à tela o suficiente para admirar os efeitos especiais. E falando nisso, eles estão melhores do que nunca, nós realmente vemos como a tecnologia avançou (percebemos isso melhor do que em "Avatar", que quase todos os ambientes eram feitos em computador, então nós não tínhamos uma noção da diferença). E enquanto muitos reclamam que o filme é só barulho e explosões, bom, mas isso foi exatamente o que eles queriam (vai dizer que eles não tiveram sucesso no que se propuseram fazer?). Ele também foi inteligente ao deixar a ação por conta dos robôs (e essas são realmente as melhores cenas de ação do filme). Só para constar, ele maneirou no handheld, o que melhorou muito (imagina cenas frenéticas iguais as do primeiro, mas agora em um filme de duas horas e meia). O pior problema da direção é que eles não conseguem dar os descansos necessários ao final de cada clímax.

A atuações são só "passáveis" (com a exceção de John Turturro, que está hilário no seu papel, entregando as melhores piadas do filme). Shia Labeouf é carismático como sempre, mas quando tem as suas crises de visões, ele não convence nem um pouco. A dublagem de todos os robôs são bem apropriadas, os mais velho tem aquela dicção perfeita, digna de um robô milenar. Megan Fox está, como sempre, horrorosa (como atriz é claro), mas todos nós sabemos que não é pelos seus dotes artísticos que ela faz tanto sucesso, não é? A surpresa fica por conta de Ramon Rodriguez, que está bem engraçado e é uma boa adição ao elenco. Mas na verdade, quem brilha mesmo é Turturro (duh!).

Veredicto: Um filme barulhento, visualmente impressionante, e repleto de falhas. Agradará muitas pessoas, pois pelo menos ele faz bem o que se propõe a fazer.

Nota:2.5/5

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Crítica: Escola de Rock (School of Rock, 2003)

Por:Dimitri Yuri

Um projeto mais "Jack Black" do que esse só o "Tenacious D" mesmo. Esse filme é um exemplo de como os filmes da "Sessão da Tarde" podem impactar você. Com uma maravilhosa trilha sonora, uma história hilária e uma performance por Jack Black, que é como sempre histérica e divertida. É com muito orgulho que eu digo que esse é o melhor "Sessão da Tarde" que eu já vi até hoje.

O filme conta a história de Dewey Finn (Jack Black), que tem aproximadamente uns 30 anos de idade e não faz nada da vida a não ser tentar arranjar uma nova banda para tocar (pois ele foi mandado embora de sua antiga banda por ser muito estranho e chato) e louvar o Rock n' Roll. Ele mora com o seu amigo Ned Schneebly (Mike White), um antigo músico que, após conhecer sua controladora namorada Patty Di Marco (Sarah Silverman), dá um jeito na sua vida e vira um professor. Dewey não paga o aluguel a meses e seu amigo está pensando seriamente em mandá-lo embora do apartamento.

A coisa toda muda quando Dewey recebe um telefonema (que estava destinado à seu amigo Ned), em que oferecem uma proposta de emprego como professor substituto em uma rica escola. Dewey tem a brilhante idéia de aceitar o trabalho, se passando por Ned Schneebly, é claro. Chegando no colégio ele encontra uma turma de engomadinhos que estão acostumados com a frieza de sua diretora (Joan Cusack). Mas enquanto Dewey está passeando pelos corredores do colégio no seu intervalo, ele vê a sua turma na aula de música clássica e percebe que os jovens têm um grande potencial para sua nova banda. Ele resolve pegar todos os tempos de sua aula para ensinar àquelas crianças os poderes do Rock N` Roll, dizendo que é uma competição interescolar de "Batalha das Bandas".


Para começar, eu preciso dizer que esse filme não terá o mesmo impacto se você não gostar de duas coisas: Heavy Metal e Jack Black, pois esse é um projeto destinado aos amantes desse estilo musical (mas mesmo se você gostar de Funk, admirará a história em geral). O enredo é muito divertido, a preparação da banda te prende na tela e você acaba se unindo à causa daquelas crianças. Em geral o filme é muito engraçado, com algumas boas tiradas (apesar de serem mais voltadas para crianças, também contém várias alusões que deixarão os adultos satisfeitos). O roteiro é bem claro e simples, o que dá mais tempo de planejar os pequenos detalhes, diminuindo o número de furos.

A direção por Richard Linklater (responsável por "Jovens, Loucos e Rebeldes" e o recente "Me and Orson Welles") é bem inteligente no sentido de deixar Jack Black solto para fazer as suas coisas. Afinal de contas, Jack deve saber muito mais sobre Rock do que Richard. A trilha sonora é uma das melhores da história (se junta a "Forrest Gump" e "A Primeira Noite de um Homem"). Tem Queen, Led Zeppelin, The Doors e muito, mas muito AC/DC. As versões cantadas pela banda são realmente boas, o que explica o sucesso deles (diferente das chatas faixas de "Alvin e os Esquilos"). A montagem também é bem divertida e no geral o filme se parece um pouco com "Um Tira no Jardim de Infância".

As atuações são todas boas com destaque ao histérico Jack Black (não tem como ele não se destacar, pois ele rouba a cena toda vez que aparece, ou seja, no filme todo) e a rígida diretora Joan Cusack (a cowgirl Jessie de "Toy Story"). As surpresas ficam por conta da Joey Gaydos Jr. como Zack e Miranda Cosgrove interpretando a esperta Summer Hathaway. Sarah Silverman e Mike White fazem boas participações especiais e acrescentam um bom humor para o filme.

Veredicto: Extremamente divertido, com uma trilha sonora espetacular e boas atuações por seu elenco. "Escola de Rock" é uma grande experiência que agradará a todas as idades (um detalhe, é mais fácil esperar passar na tv do que alugar, pois passa quase todo mês).

Nota:4/5

Crítica: Karatê Kid (The Karate Kid, 2010)

Por:Dimitri Yuri

Esse é um filme realmente desnecessário, não tem razão alguma de existir além de arrecadar dinheiro (e está tendo muito sucesso nesse aspecto). Mas pelo menos eles fizeram um remake "legalzinho", que pode até se dizer digno do primeiro (apesar de não chegar nem aos pés do original). E mesmo com seu primeiro ato sendo extremamente chato, ele compensa com o seu bom final.

O filme apresenta uma história bem parecida com o primeiro: um garoto está sendo agredido por valentões do colégio, alunos de um professor de artes marciais que está confundindo os princípios básicos da arte da luta, até que o jovem agredido conhece um sábio lutador que o treina usando técnicas estranhas (encerar o carro por exemplo) e o diz que o único jeito de enfrentá-los seria em um torneio onde jovens se espancam quase até a morte. O treinamento é intenso, chega o grande dia do torneio e vem um super clímax do terceiro ato, em que ele usa um super golpe para derrotar o adversário malvado (o golpe dessa nova versão é melhor do que o do original).

Dessa vez o garoto sofrendo Bullying é Dre (Jaden Smith, filho de Will Smith, que é produtor do filme), que se muda de Detroid para a China pois sua mãe foi transferida do trabalho. O sábio lutador é Mr. Han (Jackie Chan), um zelador misterioso. A grande mudança é que a arte marcial agora é o Kung-Fu (o que não explica o título) e os agressores mirins são chineses que batem no forasteiro porque ele está se aproximando da ninfeta que o líder do grupo dos valentões gosta.

O roteiro do inexperiente Christopher Murphey (que só tinha sido responsável pelo fraco "No Limite do Silêncio") imita bastante o do original em seu enredo, mas os diálogos são piorados, repletos de clichés e estereótipos. Sem falar que o romance entre Dre e Ali é muito chato (você nunca vai acreditar em um romance entre duas crianças de dez anos), e foi realmente o que arruinou o primeiro ato do filme. Aliás, o ritmo cai muito em alguns momentos e aumenta rapidamente em outros. Por isso o roteiro falha mais por sua inconsistência.

A direção de Harald Zwart (do terrível "A Pantera Cor de Rosa 2") é satisfatória, ele filma bem as cenas de luta e investe em alívios cômicos que funcionam de vez em quando. A maior vantagem da direção e da fotografia é que eles fazem bom uso das locações maravilhosas que têm na China (realmente impressionante). A trilha sonora não é muito boa, em um filme que se passa num país de uma cultura tão vasta, eles investem em músicas americanas, na maior parte Hip-Hop e etc. Até funciona de vez em quando, mas é um grande desperdício.

Jaden Smith certamente não tem o mesmo carisma de seu pai, mas não é ruim, só não passa toda aquela motivação necessária em alguns momentos. Jackie Chan exagera no sotaque na maior parte do tempo, mas quando tem que ser mais sério e fazer cenas dramáticas, ele trabalha tão bem quanto a maioria dos atores sérios de Hollywood. O grande problema das atuações são os atores chineses, principalmente Wenwen Han fazendo o interesse romântico de Dre, ela parece um bebê soltando suas falas, demora para terminar as palavras e o sotaque é muito forçado.

Veredicto: Não chega nem perto do que o original foi, mas não é um filme totalmente ruim. Tem algumas boas atuações, mas também algumas terríveis. As locações e cenas de luta são bem aproveitadas fazendo um bom filme.

Nota:2.5/5

Crítica: Lua Nova (The Twilight Saga: New Moon, 2009)

Por:Dimitri Yuri

Uma febre mundial, um filme que reúne fãs frenéticos que acampam 3 semanas na entrada do cinema para poder ser o primeiro a vê-lo .O primeiro filme foi apenas fraco. Mas essa continuação se tornou um projeto fechado, pois as únicas pessoas que vão gostar desse aqui, são os verdadeiros fãs do primeiro filme. O ritmo lento e excesso de duração são muito eficazes pra quem gosta do primeiro (o que exclui uma grande parte do público).

Bella (Stewart), Edward (Pattinson) e Jacob estão de volta nesse filme. A história é a seguinte: No dia do aniversário de Bella, ela vai para casa dos Cullen, e em um momento acaba se cortando. Isso causa uma vontade incontrolavel entre um membro da familia que parte para ataca-la. Mas nada acontece pois Edward à protege. Isso causa uma preocupação tremenda para família Cullen, e Edward resolve terminar tudo com Bella e se mudar (mas o motivo não é muito bom, pois essa preocupação já existia no primeiro filme). Na verdade ele conta pra ela que o pai dele deveria parecer 10 anos mais velho, e as pessoa estão começando a notar (mas a Madonna tem 50 anos e ningúem percebe!).

Então Bella fica deprimida por varios meses (o que não muda sua aparência, pois mesmo quando ela está apaixonada, ela parece um zumbi doente), e descobre que ela consegue ver Edward quando ela está em perigo (?). Logo, ela sempre coloca a sua vida em risco para apenas vê-lo (cada tentativa de suicidio dela é mais romântica que a última). E é aí que Jacob (com anabolizantes até no cérebro) entra em cena, pois Bella não lembra tanto de Edward quando está com ele (misteriosamente, Jake tem muito mais quimica com Bella do que o vampiro, o que até explica aquele mini-romance entre eles, mas enfraquece o já fraco argumento de que os dois estão realmente apaixonados). A coisa fica mais estranha quando Bella descobre que Jacob é um lobisomen...


A história é também baseada em um livro de Stephenie Meyer (que eu não entendo porque faz tanto sucesso). O roteiro é repleto de falhas. Nada acontece por um motivo bom o suficiente (e em um filme com duas horas de duração e que é muito lento, pelo menos os dilemas vividos pelos personagens tem que ser bons). E pra uma pessoa que já viveu 109 anos, ele deveria ter muito menos duvidas sobre alguns assuntos (ele fica confuso como um adolescente nervoso). O casal principal continua sem mostrar química nenhuma e algumas cenas estão ali só para os fãs gritarem. Eles não só continuam com esses "novos vampiros" que se sairem no sol brilham (se ele tivesse todas aquelas coisas, como, não poder ver a cruz, ou alho e etc, talvez acrescentaria mais complexidade para história), mas eles acrescentam outro poder: Edward pode adquirir o estado gasoso e se comunicar a longa distância (pra que eles usam celular então?).

A direção, apesar de apresentar alguns bonitos visuais, exagera nos efeitos especiais (que são muitos ruins). Os antigos filmes de lobisômen mostravam como as tranformações são dolorosas e etc, mas nesse aqui é igual mágica (Puf! eu sou um lobisômen!). Ah, aqui eles se parecem mais com lobos, pois eles andam com quatro patas e parecem um cachorro com esteroides. Chris Weitz também não sabe filmar boas cenas de luta, deixando elas chatas e com o uso excessivo de câmera lenta. De vez quando (bem raramente) ele tentam colocar um alívio cômico e nunca acertam (nunca!). O final do filme, que deveria ser o mais movimentado, foi misteriosamente entediante (tirando o último dialogo entre Bella, Edward e Jacob, que provavelmente é a melhor coisa do filme).

As fracas atuações continuam, dessa vez um pouco pioradas. Kristen Stewart nunca muda o seu personagem, qualquer filme que ela faz é a mesma coisa, aquela cara de tristeza profunda e lotada de tics (quando eu estava vendo "Férias Frustadas de Verão" alguem passou na sala e perguntou se ela estava grávida ou doente), entrega suas fala com dificuldade, como uma criança falaria. Edward tenta ser profundo toda hora, mas fica forçado demais e irreal. Lautner é o melhorzinho dos três, mas também quando tem as suas crises de raiva, parece que é brincadeira, pois ele não convence. Um desperdíçio de atores como Michael Sheen (que só escolhe filmes ruins para fazer) e Billy Burke.

Um detalhe: em uma cena Bella fala que Jacob não sente frio pois o corpo de está sempre quente. Mas quanto maior a temperatura do corpo, mais frio você sente (por isso que quando alguém está com febre, ela fica com frio). Não que isso torne o filme pior, mas é uma boa observação.

Veredicto: Os fãs da série vão gostar do filme, mas se você achou o primeiro um pouco menos que bom, você se decepcionará mais ainda com esse aqui. Roteiro, direção e atuações fracas e repleto de falhas.

Nota:1.5/5

terça-feira, 22 de junho de 2010

Crítica: O Profissional (The Professional, 1994)

Por:Dimitri Yuri

Luc Besson, o mesmo que nos escreve porcarias como "Taxi" e "Carga Esplosiva 3", já teve a sua boa época, e dessa época, o melhor filme que nós tiramos é "O Profissional". Sua direção é aguçada e estilosa, dando um aspecto único ao filme. E mesmo o seu roteiro tendo algumas falhas, ele também nos surpreende muito como escritor aqui, nos apresentando uma história muito interessante e comovente.

O filme conta a história de Léon (Jean Reno), um meticuloso assassino de aluguel que não cria vinculos com ninguém (a praticidade que o protagonista tanto preza é ressaltada pelo fato dele escolher não um gato ou cachorro para criar, mas sim um planta). Os seus vizinhos são uma família bem desequilibrada. O pai está envolvido com drogas, a mãe se veste igual a uma prostituta, a filha mais velha é uma adolescente infeliz, o único que se "salva" ali é o menino mais novo, o caçula da familia, que está sempre na dele e não briga com ninguém. Mas o único membro da família que realmente importa é a não antes mencionada Mathilda (Natalie Portman), a filha caçula, e bem "madura" para idade dela (na primeira cena nós vemos o contraste de suas meias coloridas e o cigarro que ela fuma).

O pai da família acaba se complicando com o seu negócio de drogas, pois ele é acusado por Stanfield (Gary Oldman) de ter roubado um pouco da droga (pois antes ela estava 100% pura, e agora só 90%). O último é um sujeito muito peculiar. Meio autista, ouvindo sua música, mas também quando ele fala, é sempre histérico (algo totalmente aceitável para um homem que só vive em drogas pesadas). Após o pai de Mathilda dizer que ele não está envolvido nisso, Stansfield o dá um dia para descobrir o que aconteceu e quem o roubou. Esse dia passa, e ele volta com os seus capangas, entra na casa da família de Mathilda e mata todos eles, com a excessão dela, que saiu para comprar comida.

Isso leva a garota a bater na porta de Léon pedindo abrigo, pois se eles descobrirem que ela também é da família, provavelmente a matarão. Léon sente pena da garota e a convida para entrar. Depois de um dia na casa dele, Mathilda descobre que Léon é um assassino e pede para ele ensina-la a matar pois quer vingar a morte de sua família (em um momento ela diz que não liga para a morte do pai, da madrasta ou da irmã, só não se conforma com a morte do irmão, que é o único que ela realmente gosta). A princípio Leon hesita, mas ele acaba cedendo ao charme a garota e promete ensina-la a ler, desde de que ela o ensine a escrever. Uma grande amizade vai crescendo entre os dois conforme a história se desenrola...


O roteiro de Besson define bem os seus personagens com ajudar da fotografia de Thierry Arbogast. A composição de algumas cenas nos leva à um entendimento mais profundo sobre sobre o caráter das pessoas na história (por exemplo quando ele humanizam Leon ao o colocar em um cinema vendo um musical, feliz como uma criança em uma loja de brinquedos). A uma diferença narrativa entre as duas metades do filme, no início ele investe em diversos alívios cômicos (que funcionam) entre as ações, mas a partir da segunda metade, essas sequencia se tornam muito mais séria, pois agora Léon tem um vinculo com Mathilda (ou "criou raizes" como eles dizem no filme), logo, tem algo à perder. A única falha do roteiro é que as vezes em que Mathilda diz que ama Léon ou quando o pede um beijo são inapropriadas e até um pouco nojentas. A coisa piora quando eles dormem na mesma cama (algo que foi inteligentemente cortado da versão final).

A direção é também de Luc Besson. E eu posso dizer que ele acerta na maioria dos momentos, mas alguns cortes são forçados e tiram você da história. Uma vantagem é que ele sempre apresenta os seus personagens bem, já os definindo. Como já citado, Mathilda tem um cigarro na mão mostrando que ela é bem largada para uma criança (reparem o jeito que ela olha para Léon como se estivesse paquerando ele). Stansfield é apresentado de costas, revelando um sujeito misterioso e imprevisível, mas quando se vira, e histeria toma conta e ele sempre rouba a cena. Como eu já mencionei, eles apresentam Léon de modo que nós entendemos a rotina meticulosa dele, que consiste em fazer abdominais, limpar as armas e etc.

As atuações são muito boas. Natalie Portman é bem divertida, mas ela é um criança, e erra algumas vezes (principalmente por sempre tentar ser sensual, mas nunca tira nada de nós, pois nós ainda vemos uma criança). Mesmo assim ela nos impressiona em alguns momentos (como quando ela vê o pai morto no chão, se controla, e só depois desabafa chorando, ainda assim tomando cuidado para não ser percebida). Reno é como sempre, muito carismático, mas as vezes ele exagera nos trejeitos parecendo meio debilitado de vez em quando (e nos faz pensar: "Como esse cara é tão bom no que ele faz?"). Oldman comprova que é um excelente ator, sendo o personagem mais memorável do filme, e como eu já disse, rouba a cena toda vez que aparece.

Veredicto: Um filme de ação bem filmado e com uma história muito interessante. Possúi algumas falhas, mas os momentos bons consegue escondê-las.

Nota:4.5/5

Crítica: Ajuste Final (Miller`s Crossing, 1990)

Por: Dimitri Yuri

É a vez dos irmãos Coen fazerem o seu filme de gângster. Provando mais uma vez a sua versatilidade entre um projeto e outro, eles fizeram um filme que do ponto de vista técnico é quase perfeito, e além de ser um dos melhores - ou o melhor - filme dos irmãos, é certamente um dos melhores exemplares do gênero até hoje.

O filme começa com uma referência clara à primeira cena de "O Poderoso Chefão". Johnny Caspar (Jon Polito), um mafioso, está pedindo um favor à Leo (Finney), o atual "chefão" da cidade. O pedido consiste em ele matar um homem chamado Bernie (John Torturro), que tem enganado Johnny dizendo que uma suposta luta está "vendida", e na verdade não está coisa nenhuma. Mas a verdade é que Bernie é um tremendo vigarista, e quase todo mundo o quer morto (até o próprio Bernie sabe que não presta).

Leo se recusa a fazer o trabalho pois Bernie é o irmão de sua namorada, que mesmo concordando que ele não vale nada, ainda tem um certo carinho pelo irmão (mas é claro que Leo não diz o motivo da recusa para Johnny). Tom Reagan (Gabrile Byrne) é o braço direito de Leo, e não aprova a decisão de poupar a vida de Bernie, pois Johnny Caspar já tem poder suficiente para bater de frente com Leo e isso causaria uma quase guerra na cidade. O único problema é que Tom também tem um segredo, ele é amante de Verna, namorada de Leo e irmã de Bernie.


Os irmão sabem o que realmente funciona em um filme, e mesmo que você pegue referências de obras anteriores, se essas referências forem realmente boas, elas só irão acrescentar no seu filme. Então eles juntaram todo esse conhecimento de cinema que eles tem, para se adaptar ao quase novo gênero (pois convenhamos,"Gosto de Sangue" é quase um filme de gângster), assim como Kubrick fez em "O Iluminado" e Scorsese fez em "A Ilha do Medo". Eles também já apresentam um talento muito grande para recriar um periodo histórico (podemos notar isso em "E aí, Meu Irmão, Cadê Você?" e em "Onde os Fracos Não Tem Vez"), desde o figurino até a fotografia maravilhosa por Barry Sonnenfeld (que já tinha trabalhado com os irmãos em seus dois primeiros filmes, e foi o diretor dos dois "Homens de Preto"), que você pode notar desde a primeira cena que possúi imagens maravilhosas (a do chapéu voando por exemplo).

O talento dos irmãos também se encontra no roteiro. Muito bem planejado e com uma complexidade de personagens dignas de um "O Poderoso Chefão". Apresenta cenas incrívelmente tensas (realçadas pela direção é claro), e até alguns bons alívios cômicos. Aquele clima conspiratório (você nunca sabe em quem confiar, ou o que uma pessoa fará ) é muito bem empregado, e destaca a imprevisibilidade dos excêntricos mafiosos daquele periodo (me lembrou até os personagens de Joe Pesci em "Os Bons Companheiros" e "Cassino"). Os dialogos ajudam a definir os personagens, e cada um deles fala de forma diferente do outro dependendo da região em que foi criado, até do nível de educação (algo que eu sempre admiro em um filme).

É dificil achar um elenco tão bem formado quanto esse, não só pelo talento de seus atores, mas pela meticulosa escolha de quem interpreta quem (muito comum em qualquer trabalho dos irmãos). Gabriel Byrne faz um sujeito estremamente frio e durão (o que justifica sua posição de braço direito de um grande mafioso), mas é também um dos personagens mais inteligentes do filme. Albert Finney é um veterano e tem uma exata noção do que faz, sabe quando ser calmo, e quando se irritar, e emprega um ar contido (que é muito bem colocado, considerando que ele lida com situações assim à anos). Contrastando com ele está Jon Polito, que pelo fato de ter adquirido um grande poder a relativamente pouco tempo, não segura as suas indignações, sempre histérico e hilário. Muitos falam que esse é o melhor papel de John Turturro. Embora realmente sendo uma boa atuação, ele exagera algumas vezes. Mas no geral ele está muito bem.

Detalhe, há uma cena em que um grupo de policiais metralham um armazém, e tem um sujeito que de certa forma lidera o resto, não poupando munição... Esse sujeito é Sam Raimi, o diretor das trilogias "Homem-Aranha" e "Uma Noite Alucinante".

Veredicto: Um filme tão brilhante, que em uma lista, ele ficaria junto de grandes nomes do gênero, como "Os Bons Companheiros" e "O Poderoso Chefão". E isso não é bom o suficiente?

Nota:5/5

domingo, 20 de junho de 2010

Crítica: Esquadrão Classe A (The A-Team, 2010)

Por:Dimitri Yuri

Quando esse remake da famosa série foi anunciado, eu já comecei a ficar com dúvidas, mesmo com um bom elenco, eu achei que seria um simples filme de ação. A coisa piorou quando o trailer saiu, a história foi bem escondida, e a ações exageradas dominavam a tela (a cena do tanque). Bom, eu estava enganado por um motivo. Tudo isso ficaria ruim se estivessem em um filme sério de ação, mas "Esquadrão Classe A" não se leva à sério. Ele tenta entregar o puro entretenimento e sucede fazendo isso.

Baseado na série homônima dos anos 80. O filme conta o início dessa bizarra equipe do exército. Onde os únicos que já se conheciam eram Hannibal (Neeson) e Faceman (Cooper). B.A. (Jackson) e Murdock (Copley) se unem à equipe para fazer um trabalho. Mas quando a única pessoa que sabia desse serviço (que consistia em um grande roubo) é morto em um atendado, eles são culpados por tudo e vão para prisão. Após uns meses na cadeia, Hannibal bola um plano para fugir e colocar sua equipe de volta à ativa, com o objetivo de descobrir o que deu errado e quem armou isso tudo. Ele vai libertando seus antigos parceiro um por um. Sempre com os seus planos absurdos para realizar suas tarefas.


"Esquadrão Classe A" tem uma pegada bem diferente dos outros filme do gênero. Ele investe mais na comédia do que na seriedade de seu roteiro. Mas ele trabalha tão bem esses elementos que eu saí da sala de cinema rindo muito mais do que a maioria dos filme atuais de comédia. Os acontecimentos bizarros e ações exageradas encaixam muito bem nele (algo que foi muito arriscado). A trama é bem estúpida, mas depois de um tempo você para de se importar com ela.

As atuações se encaixaram muito bem nos personagens (a escolha do elenco foi muito inteligente). Liam Neeson esbanja competência, mas ao mesmo tempo é muito engraçado. Quinton 'Rampage' Jackson me surpreendeu, pois ele não era ator (e sim um lutador), mas ele está satisfatório no filme, fazendo juz à Mr. T (o ator da série original). Bradley Cooper já tinha mostrado que é um bom ator de comédia com "Se Beber Não Case", faz basicamente a mesma coisa que sempre faz, e faz bem. Quem se sobressái é Sharlto Copley, fazendo 'Murdock', um divertido lunático, que nos dá os momentos mais engraçados do filme.

A direção de John Carnahan (que também fez "Narc") não é muito competente, os efeitos especiais são bem irreais, e não trata os objetos com o seu peso real (os containers quicam como uma bola de futebol). A cenas de ação são bem mal filmadas, você raramente sabe onde está todo mundo, pois os cortes são ruins e muito confusos. Ele as vezes entorta a câmera para dar aquele efeito de caos, mas no final dá até dor de cabeça.

Veredicto: Com um humor acima da média, e grandes atuações. Mas também com uma direção frouxa de Joe Carnahan, esse filme é só bom.

Nota:3/5

Crítica: Estão Todos Bem (Everybody`s Fine, 2009)

Por: Dimitri Yuri

Robert De Niro, que é um do melhores atores que já viveram, lidera esse bom drama familiar. Apresentando uma fórmula conhecida (parece bastante com "Flores Partidas"), mas mesmo assim explorando bem problemas que nos fazem reconhecer os personagens. Com uma boa direção de Kirk Jones, e excelentes performances por todo o seu elenco.

Baseado no filme de Giusepe Tornatore, "Stanno tutti bene". Ele nos conta a história de Frank Goode, um recente viúvo, que sempre teve menos intimidade com os seus quatro filhos filhos do que sua mulher. Era tradição da familia que os quatro, Robert (Rockwell), Amy (Beckinsale), Rosie (Barrymore) e David (Lysy), viessem visitar os pais no natal. Mas um ano após a morte de sua mulher, todos os seus filhos cancelam o compromisso. E Frank começa a perceber que eles estão escondendo algo dele.

Já que eles não vão até o pai , Frank decide ir até os seus filhos (que estão morando em quatro estados diferentes) e descobrir o que está errado. Mesmo contra a vontade de seu médico (que disse que ele não tem condições de viajar), ele parte em uma longa viagem cruzando o país, e nesse caminho começa a descobrir mais sobre os seus filhos e sobre ele mesmo.


É sem duvida um filme que depende muito de suas atuações. Robert De Niro, como sempre muito bem, faz um personagem enigmático, e bem plausível ao mesmo tempo (se iguala a performance de Bill Murray no já mencionado, "Flores Partidas". Rockwell, cujo talento já foi mostrado em "Lunar", impressiona muito nesse aqui, as cenas em que ele contracena com De Niro provavelmente são as melhores do filme. Barrymore é amavel como sempre, e foi muito bem escolhida para o papel, pois de todos os filhos, ela é a que mais desmostra carinho com o pai. Beckinsale acerta em construir um personagem frio, que casa com um homem só por estabilidade, e isso é refletido em seu filho, que até hesita em dar um abraço no avô.

O roteiro foi muito preciso em alguns aspectos, principalmente com o personagem bem realista de De Niro, que ao mesmo tempo que ama muito seus filhos, tem dificuldades em passar esses sentimentos (sem falar que ele era muito exigente com eles). O resultado é que seus filhos também o amam mas não tem intimidade nenhuma com ele, estão sempre com medo de contar notícias ruins com medo de desponta-lo. Por isso Frank é um homem muito sozinho, que em alguns momentos puxa assunto com as pessoas no trem, para poder falar que trabalha com fios de eletricidade e como o trabalho dele faz as pessoa continuarem em contato (o que contrasta com a dificuldade dele mesmo em se comunicar), mesmo que seja só pra melhorar a sua solidão. As únicas falhas na história, são que alguns dos filhos são estereótipos um pouco clichés (mas isso é bem disfarçado pela complexidade de suas atuações), e que muitas cenas são exageradamente dramáticas, e só algumas delas são realmente efetivas.

Kirk Jones (que já tinha feito um bom trabalho com o mediano "Nanny Mcphee") também não desponta, com a ajuda da fotografia de Henry Braham, que se sobressaem especialmente na composição das cenas, como a casa de Frank, que é meticulosamente arrumada, com a grama verde perfeitamente cortada. O que contrasta com a casa de Amy, que reflete a própria frieza do personagem, em uma composição bem elaborada, com cores frias e um clima vazio. Em alguma ilusões, Kirk também te sucesso por conseguir nos emocionar e se importar com os seus personagens, mesmo que eles não sejam exemplos de seres humanos.

Veredicto: Excelentes performances e uma boa fotografia fazem um bom filme. Algumas falhas no roteiro e o excesso de cenas dramáticas, proíbem o filme de ser Excepcional.

Nota:3.5/5

Crítica: O Fantástico Sr. Raposo (The Fantastic Mr. Fox, 2009)

Por:Dimitri Yuri

Wes Anderson é sem dúvida um diretor bastante aclamado na indústria do cinema. Mas misteriosamente este filme foi o seu trabalho que mais me surreendeu. Ele consegue misturar elementos das séries de super herói dos anos 60, com uma abordagem atual, e ao mesmo tempo que agrada as crianças, os pai não ficarão desapontados. Ele entende bem o conceito de "diversão para família toda".

Sr. Raposo (Clooney) era um antigo ladrão de galinhas, mas quando se encontra em uma situação de vida ou morte, e sua mulher, Sra. Raposa (Streep), anuncia que está grávida, ele à promete nunca mais roubar nada ou colocar a vida deles em risco. Então o filme avança alguns anos, onde nós vemos que Raposo conseguiu um trabalho num jornal, que seu filho cresceu e virou um adolescente que está sempre tentando impressionar sua família (apesar de nunca conseguir). E o principal, Raposo está tão decepcionado com a sua vida que está bolando um grande roubo que irá lhe dar comida de primeira para o resto da vida.

O plano consiste em três etapas, e cada etapa consiste em um grande furto. O problema é que as vítimas dos grandes roubos são os fazendeiros mais malvados que existem . Uma hora Badger (Murray) diz que o fazendeiro Bean (vítima do último furto) é tecnicamente o homem mais malígno da face da terra. Pra variar, a coisa acaba em confusão e os fazendeiros voltam para pegar os Raposos, colocando em risco a vida de não só toda a sua família, mas de seus amigos também.


A direção tem bastante sucesso. O stop-motion está melhor do que nunca e os detalhes dos personagens são de te deixar boquiaberto. Mas Wes brilha mesmo com suas montagens paralelas bem objetivas que explicam o dia-a-dia dos três fazedeiros (um dos melhores momentos do filme). Logo em sua estréia nesse formato de animação, ele conseguiu criar boas cenas tensas de ação, e usou a sua imaginação fertil para criar momentos inovadores (como quando os cachorros comem as ameixas e seu olhos ficam com uma espiral). No geral Wes se mostra bastante solto nessa produção, ainda colocando homenagens aos filmes e séries de super-heróis dos anos 60 e imitando seus efeitos baratos (bem apropriadamente).

O roteiro é bem trabalhado na sua maior parte. Mas o primeiro ato inteiro e o começo do segundo são infinitamente melhores que o terceiro (o que é uma falha grande), pois ver os planos bem bolados de roubar as fazendas é muito mais interessante do que uma raposa com uma crise existêncial. Os dialogos são divertidos e os furtos em sí são extremamente interessantes (tão bons quanto qualquer "Onze Homens e um Segredo" da vida...) com mentos clássicos (como um vigia e um plano como distraí-lo e etc). Investindo, sempre que possível, em alivios cômicos, que eventualmente funcionam na maior parte do tempo, claro que são reforçados príncipalmente por causa do seu elenco

O elenco de vozes se encaixa muito bem nos personagens, até Clooney, que raramente me impressiona, faz um bom trabalho nesse aqui. Meryl Streep é sempre sensacional, mesmo quando só em voz. Jason Schwartzman (antigo parceiro de Anderson) está hilário fazendo Ash, o filho de Sr. Raposo. e Bill Murray (obrigatório em qualquer filme de Wes), como sempre, rouba a cena toda a vez que aparece.

Veredicto: Se você é muito fã de Wes Anderson, você gostará muito desse filme (até mais que eu). E mesmo não sendo tão bom quanto "Fuga das Galinhas" por exemplo, é uma tremenda diversão, com um roteiro que entrete você, e atuações excelentes de seu elenco.

Nota:4/5

Crítica: Toy Story 3 (2010)

Por:Dimitri Yuri

A parceria Disney/Pixar tem nos dado grandes filmes atualmente (até os filmes mais fraquinhos ("Carros") estão em um patamar acima), mas a trilogia "Toy Story" é certamente o auge do estúdio. Muitos deles tem alguns errinhos que os impedem de serem excelentes ("Vida de Inseto", "Up" e "Ratatouille"), e apenas um atinge a quase perfeição, é o seu novo filme "Toy Story 3". Que além de acertar em todos os aspectos bons de seus antecessores, apresenta conflitos bem mais sérios do que os dos outros filmes.

A história se passa aproximadamente onze anos depois do segundo filme. Andy está indo para faculdade (algo que tinha sido mencionado nos dois primeiros) e tem que decidir se os seus antigos brinquedos (que agora só ficam em um baú, sem nunca serem brincados) vão para o sotão, para o lixo ou serão doados para uma creche. Uma coisa interessante é que apesar de Andy saber da importância dos bonecos para a sua infância, ele em nenhum momento fala ou brinca com eles (o que seria ridículo vindo de um quase adulto de dezessete anos).

Os brinquedos estavam certos de que iriam para o sotão (e lá eles estariam pelo menos perto de Andy quando ele visitasse sua mãe), mas após uma troca de sacolas e etc, eles acabam parando na creche "Sunny Side". A princípio o lugar é um paraíso para brinquedos (um ambiente colorido cheio de novos bonecos e com crianças para serem brincados). Mas eles descobrem que por trás daquela maravilha, há uma quase ditadura em que o urso Losto (Ned Beatty) é o líder. Então cabe aos antigos parceiros Woody (Hanks), Buzz (Allen), Jessie (Cusack), Sr. Cabeça de Batata (Rickles) e cia. bolarem um plano para conseguir escapar desse malígno lugar.


Consigerando que grande parte do lucro desses filmes vem da venda de bonecos, muitos
(inclusive eu) pensaram que eles iriam reciclar velhas idéias, acrescentar uns dez personagens diferentes para vender mais e mais. Mas nos enganamos, pois o filme se preocupa muito com o roteiro bem trabalhado, e apesar de realmente terem muitos brinquedos novos, todos ele acrescentam alguma coisa para história. No final eu posso dizer que além de ser o melhor trabalho Disney/Pixar, é um dos filmes mais divertidos que vi nos últimos tempos. O fato do roteiro ser também de Michael Arndt (que foi o roteirista de "Pequena Miss Sunshine"), deu uma profundidade moral que não existe em nenhum outro filme do estúdio (que apesar de serem muito bem executados e divertidos, tem idéias e mensagens bem infântis). Nesse aspecto, esse filme pode ser comparado aos grandes clássicos da Disney ("Pinoquio" e etc). Fora que o final é completamente satisfatório (não dá para pensar em um melhor).

Lee Unkrich (que foi o co-diretor de "Toy Story 2", "Monstros S.A." e "Procurando Nemo"), faz um bom trabalho nesse aqui, dirigindo cenas de ação de tirar o fôlego (como por exemplo, todo o terceiro ato do filme), que apesar de não fazer tão bem quanto Brad Bird ("Os Incríveis"), tem o seu mérito. A fotografia do filme é realmente impressionante, bem contrastada e colorida nos momentos alegres, e sombria nos momentos tensos. Enquanto muitos reclamam que não vale a pena o 3D, pois eles não jogam nada em cima de você, eu entendo que essa é uma das maiores vantagens do filme. Eles usam a nova tecnologia (que tende a piorar os filme) apenas para dar a impressão de profundidade do ambientes e etc.

Tom Hanks, Tim Allen, Joan Cusack, Don Rickles, John Ratzenberger estão de volta fazendo o mesmo excelente trabalho que fizeram nos dois primeiros filmes. Mas algumas novidades realmente impressionam, Ned Beatty como Losto está bem assutador e com um ar de superioridade. Michael Keaton faz o hilário Ken, que é um dos melhores alívios cômicos do filme. Mas quem realmente de destaca com apenas umas cinco falas é Timothy Dalton como Mr.Pricklepants, que é um brinquedo shakespeariano, que não somente finge estar parado, ele precisa entrar no personagem para realmente convencer os outros de que é um brinquedo (engraçadíssimo).

Veredicto: Um desfecho excelente, que supera os seus antecessores, e entrega um final digno para um trilogia espetacular. Se, por um acaso, eles anunciarem um "Toy Story 4" ano que vem, eu não ficarei mais desconfiado. A Pixar realmente me convenceu de sua competência.

Nota:5/5

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Crítica: Crash - No Limite (Crash, 2004)

Por:Dimitri Yuri

De vez em quando surgem esses mistériosos sucessos de Hollywood. Tá certo que o filme dá aquela mensagenzinha de paz e amor que os críticos e a academia adoram ouvir, e tá certo que esse foi um ano caótico para o cinema. Mas ganhar o Oscar foi uma coisa que eu não entendi. Com "Todo Mundo Quase Morto", "Kill Bill Vol.2" e "Spider-Man 2" sendo lançados no mesmo ano (Até que eles não são lá essas coisas, mas com certeza melhores que esse lixo que é o filme de Paul Haggis).

O filme conta diferentes histórias sobre pessoas e como elas vivem com o racismo da sociedade. Essas pessoas são os estereótipos mais batidos que existem, tem a perua rica (Bullock) que é mulher do político que só quer saber de ganhar voto (Fraser). Tem o policial racista que não importa o que aconteça ele tem que xingar um negro ou um mexicano. Tem o latino bonzinho que está no filme só pra tentar nos comover e cair nessa conversa besta do roteiro. E mais um monte de gente. Mas o mais importante é que nesse mundo que Haggis concebeu todos (sem exceção) são um pouco racistas.

Vamos começar pelo pior, o roteiro. Primeiro, note o uso excessivo de ofensas raciais que acontecem no filme, as pessoas na vida real não falam assim. Eles entupiram os dialogos de palavras como "Nigger""(Equivalente à "Preto") e "Cracker"("Branquelo" ou coisa do tipo)para parecer que o filme é ousado e não tem medo de discutir sobre o assunto. Ora, se você que falar sobre um assunto tão complicado (Não estou dizendo polêmico), ao menos coloque a sua história com sentimentos reais e, no mínimo, em um mundo plausível.

O filme se propõe a discutir o racismo de forma inteligente, mas pra isso, ele tenta achar uma responta para o preconceito em geral, como se a desconfiança que uma pessoa sente por um negro ou por um branco, é a mesma que ela pode sentir por um judeu por exemplo. Não se pode generalizar uma coisa dessas. Uma pessoa tem preconceito da outra por motivos diferentes, não é a toa que existe preconceito racial, preconceito religioso e etc, é porque eles não são a mesma coisa!

O pior de tudo é que para isso ele coloca personagens artificiais em um mundo falso, sofrendo em situações implausíveis para tentar achar um mínimo de verdade em seu argumento. Mas as pessoas se deixam levar tanto por aquelas histórinhas mediocres que se você não prestar atenção no que está acontecendo, acabará comprando o que eles estão vendendo. Preste atenção nas contradições (Que são muitas)!

Pra citar uma, eu pego o exemplo da cena em que Cameron(Howard) discute com sua mulher Christine (Newton) sobre o que acabou de acontecer (a humilhação que eles sofreram do policial). Nessa sequencia Cameron diz que ela precisava ser presa para saber o que é realmente ser negro. Aí ela retruca, "E você por um acaso sabe o que é ser negro?"(Fala isso pois ele é um rico diretor de televisão). Então agora o problema não é ser negro ou não, é ter dinheiro. Não é mais preconceito racial e sim de classe. Mas pera aí, isso vai totalmente contra a idéia do filme.

Outra coisa que eu não entendo é que alguns críticos dizem que as contradições entre os personagens existem porque eles são humanos, e nós somos confusos. Mas eles esqueceram que uma das regras básicas de roteiro que diz que as ações dos personagens precisam ter razões que às justificam. Precisa de, ao menos, uma pista na história que indique o motivo da reviravolta do sujeito. Um exemplo é a cena em que Cameron se revolta contra o policial (Por quê?).

Na carona disso o filme aproveita e solta mais bombas. Como a idéia de que os americanos são um povinho preconceituoso, algo que deve ter agradado muito os críticos brasileiros (Que odeiam os americanos). Essa historinha cola muito facil no Brasil, mas eu moro aqui nos Estados Unidos e posso dizer, isso é mentira! Eu não fui vitima e nem presenciei qualquer tipo de preconceito! Declarações anti-armas também são feitas, mas para dar algum tom de verdade à essa besteira, ele usam situações forçadas só pra nos tiram alguma emoção e cair nessa história deles. Em um momento o vendedor de armas chama o homem persa de Osama, como se isso não fosse dar cadeia pra ele.

A única coisa que sobra nessa baboseiras é o elenco, que podia ter sido escalado para um filme muito melhor sendo muito mais proveitoso, até porque o roteiro é tão artificial que qualquer tentativa de realidade da atuação vai por água abaixo. Ver Don Cheadle, Sandra Bullock, Terrence Howard, Matt Dillon e cia. fazendo um filme desse, é uma das coisas mais deprimentes que o ano de 2004 nos proporcionou.

Veredicto: Filme metido à inteligente. Tenta fazer dezenas de análises socio-políticas e no final não acerta uma sequer. Não caia nesse conto de fadas contráditório e manipulador.

Nota:1/5