terça-feira, 11 de maio de 2010

Crítica: O Dia do Chacal (The Day of the Jackal, 1973)

Por:Dimitri Yuri

Até esta noite eu ainda não tinha visto um filme de Fred Zinnemann. Mas agora eu vi, e posso dizer que todos os meus amigos que disseram que ele é um diretor excepcional estavam certos. Ele usa um princípio muito importante que quase ninguém hoje em dia leva em consideração, a simplicidade. As vezes é muito mais gratificante assistir um filme com um roteiro claro, do que um entupido de Plot Twists.

Baseado no livro de Frederick Forsyth, "O Dia do Chacal" conta a história de um frio e meticuloso assassino profissional contratado pela OAS francesa para matar o general Charles de Gaulle. Sem rosto e sem identidade, conhecido apenas pelo codinome Chacal (Edward Fox), ele planeja sem remorsos o dia em que a morte do General vai chocar o mundo inteiro. A tensão aumenta, quando os metódicos preparativos do Chacal ocorrem paralelamente aos esforços da polícia em desvendar o mistério, liderados pelo competente inspetor Lebel (Michael Longsdale).


O senso desse diretor, de saber o que é realmente necessário no filme me espanta, há elegantes cenas curtas que nos salvam de longas sequencias, com incríveis cortes secos. Como a cena que O Chacal entra no quarto de Madame Montpellier e no próximo plano já vemos eles na cama. E eu posso citar muitas outras cenas contidas, a primeira por exemplo, que é muito simples e mostra com muita objetividade a primeira tentativa de matar o presidente. Então nesse filme ele teve mais êxito não por belas cenas (apesar de terem várias), mas pela falta delas, nas horas certas.

Como a direção, o enredo é muito claro, contido e bem feito. Se você comparar a "O Chacal", com Bruce Willis, onde ele fez uma grande arma que dispara projéteis do tamanho de uma maça (Chega a ser obsceno), e que é acionada por controle remoto, você verá que os planos simples e eficazes podem ser muito mais interessantes de assistir do que os mais elaborados (que estão presentes em quase todos os filmes atuais de Hollywood). Enquanto assistia preparação do Chacal para o ataque, eu não conseguia tirar os olhos da tela, é interessante e divertido de ver está tudo muito bem explicado. E um exemplo disso é que durante todo o filme O Chacal usa quatro passaportes diferentes, e você sabe exatamente quando e onde ele está mudando a sua identidade.

A atuação, segue o caminho da direção e do roteiro, e se mostra bem simples e calma (e especialmente realista), o que não as impedem de serem excelentes, por quase todo o seu elenco. A confiança dos dois protagonistas é imensa, e em nenhum momento você duvida de sua competência, e o fato deles escolherem um sósia de Charles De Gaulle para o interpretar, deu um aspecto documental muito raro em qualquer filme. No geral, todos eles são bons, mas Edward Fox e Michael Lonsdale merecem destaque, exatamente por passarem uma confiança tremenda. E também tem Derek Jacobi interpretando Caron, o ajudante do inspetor.

Veredicto: Com simples, mas brilhantes enredo, direção, e atuações. Este filme tem algo a mais, ele não é filme policial comum, é mais “arte” do que a maioria.

Nota:4.5/5

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