sábado, 15 de maio de 2010

Crítica: O Feitiço do Tempo (Groudhog Day, 1993)

Por:Dimitri Yuri

Porquê não fazem mais filmes como esse? Acho que em algum momento alguém decretou que todas as comédias-românticas tem que ter aquela mesma histórinha, onde o cara bonitão (obrigatório) a mulher é maravilhosa se apaixonam. Tudo bem até aí, o problema é que elas não engraçadas. As piadas consistem em pessoas caindo no chão e batendo a cabeça na parede. Pode até ter sido bom algumas vezes. Mas alguem podia imitar esse filme, que tem um roteiro muito criativo, é extremamente engraçado, e tem um lindo romance...

Phil é um repórter cansado de sua vida, e muito egocêntrico, trata seus ajudantes como servos, se enganando que ele é uma celebridade. Todo ano ele tem que fazer uma matéria sobre o “Dia da Marmota” (uma festividade que acontece numa cidadezinha americana), o problema é que esse dia (o pior de vida de Phil), está se repetindo sempre, mas só Phil vive isso. E após descobrir que nada que ele fizer o dará um “amanhã”, ele começa a simplesmente aproveitar a vida, e fazer coisas que ninguém nunca faria na normalmente (como dirigir no trilho do trem). O problema é que isso passa uma hora, quando ele começa a se apaixonar por sua colega de trabalho (Andie MacDowell). Mas ele só tem um dia pra conquista-la.


Ele já começa contrariando essa nova fórmula, pois o “galã” do filme é Bill Murray (que está longe de ser bonito). E ele, como sempre, é sensacional, provando mais uma vez que é muito versátil nessa transição cômico-dramática. Solta suas falas como um veterano, que sabe exatamente o que faz, e isso adiciona um charme e um tempo cômico diferente (Muito mais engraçado que pessoas caindo da escada, ou tomando um chute no saco). Andie Mcdowell não é sensacional, mas ela faz a sua personagem bem real, e amável (Necessário, pois caso contrário, você não acreditaria naquele romance). Mas todo os atores do elenco de apoio são muito engraçados, principalmente Stephen Tobolowsky, como Ned, que com duas ou três aparições já faz um personagem memorável.

A direção de Harold Ramis (Que tinha atuado com Murray em “Os Caça Fanstasmas”) faz também um bom trabalho (apesar de ter se destacado mais como o escritor), ajudando a criar uma ótima simetria que faz você reconhecer os mesmos elementos todos os dias, e usa os cortes secos para mostrar as diferentes tentativas de Murray de conseguir alguma coisa (Seja uma mulher, uma mulher, ou até uma mulher). E de certa forma ele deu um ar de original para o filme.

Esse filme me lembrou à “A Felicidade Não se Compra”, o clássico de Frank Capra, principalmente pela originalidade do roteiro, e pelas suas mensagens realmente boas. Fazem você se sentir feliz e satisfeito quando o filme termina. Mas não podemos esquecer das piadas, que são inteligentes, e muito engraçadas, como todos os encontros de Phil com Ned, ou em algumas horas onde ele resolve aproveitar a vida. Isso mostra a competência do roteiro de Harold Ramis e Danny Rubin, que acertaram em cheio em quase todos os elementos. Frases como “Eu adoraria ficar aqui e conversar com você, mas eu não vou.”, pega coisas clichés e transformam elas em clássicas instantaneamente. Isso é o charme desse filme, que qualquer leigo consegue perceber que tem algo a mais. E perceba no filme “O Vidente” com Nicholas Cage, que conquista Jessica Biel, usando a mesma técnica que Bill Murray usa aqui, pois aí já podemos falar que esse filme é um clássico, e inspirou todos esse filmes que envolvem controle do tempo. A transformação do personagem principal entre um sujeito egocêntrico para um homem generoso é de uma profundidade rara nos novos "Rom-Coms".

Veredicto: O verdadeiro significado de Comédia-Romântica, pois é engraçado demais, e possúi um belo romance (pode parecer simples, mas você simplesmente não vê mais hoje em dia). Um roteiro criativo, e inovador. Uma diversão completa.

Nota:5/5

Nenhum comentário:

Postar um comentário