sábado, 3 de julho de 2010

Crítica: Greenberg (2010)

Por: Dimitri Yuri

Greenberg é um típico filme "cabeça" que agrada a maioria dos críticos de hoje em dia. Você pode até se deixar levar pelo direção estilosa de Noah Baumbach. Mas se pararmos para analisar bem, ele conta a história de um homem sem graça (que tem 40 anos, mas com a maturidade de um adolescente) vivendo um romance frio e falso, e mais alguns dilemas bobinhos. Vendo por esse lado, não sobre muita coisa boa do filme.

nós somos apresentandos à Florence Marr (Greta Gerwig), uma jovem de 25 anos, que quando os seus amigos Phillip e Carol tem que viajar para negócios, ela tem o trabalho de ajudar o irmão de Phillip, que veio de Nova York, à cuidar da casa e do cachorro que tiveram que ficar. Esse homem se chama Roger Greenberg (Ben Stiller), e ele acabou de ter um distúrbio mental, que não é muito bem explicado. Greenberg é um homem muito sozinho e extremamente melancólico, que passa boa parte do seu tempo escrevendo cartas com reclamações para inúmeras empresas e entidades (pode até proporcionar algumas risadas, mas se você parar pra pensar, ele tem 45 anos de idade e ainda faz essas bobeiras e inutilidades).

Roger começa um mini-romance com Florence (que não dá muito certo, pois afinal, o nosso personagem principal é um sociopata depressivo). Ele também revê o seu amigo Ivan Schrank (Rhys Ifans), que é sem duvida o personagem mais maduro e sensato do filme inteiro. Na verdade acontece muito pouca coisa, esse romance inconvincente continua com alguns problemas e com Roger ainda vivendo como um adolescente . Finalmente quando o seu amigo tenta dar-lo um conselho, ele o ignora.


Sem duvida o roteiro é onde o filme tem menos êxito. Desde erros inacreditaveis (como o fato dele não ter uma boa divisão de atos) até alguns que agradam a maioria dos criticos atuais, mas na verdade são grandes falhas (o filme é metido à inteligente, mas ele é incrivelmente infantil e imaturo). Os personagens vivem problemas mediocres e algumas pessoas gostam deles (isso mostra que elas estão no mesmo nível de imaturidade do nosso protagonista). A maioria dos conflitos acontecem por causa da maluquice de Roger e não por um motivo plausível e satisfatório. Sem falar que ficar vendo um homem, que ja é doido, usar drogas, não é uma coisa muito agradável. Pra resumir, ninguém gostaria de ter os protagonistas como amigos (não porque ele são perigosos, como em filmes de ação ou mafia, mas porque eles são muito sem graça e imaturos)

Tecnicamente o filme é bom. Apesar de exagerar na melancolia, o diretor Noah Baumbach (também responsável por "A Lula e a Baleia" e roteirista assistente de alguns filmes de Wes Anderson) sabe conduzir algumas boas piadas (mesmo assim, nem todas funcionam). A edição por Tim Streeto se sobressái, por ajudar a impulsionar piadas e a construir o clima necessário para a cena (repare na primeira festa do filme, quando ele usa Jump Cuts para fazer humor e estabelecer o tom da narrativa). A trilha sonora é na maior parte boa, combina rock clássico com alternativo, mas nada que realmente mereça destaque.

As atuações são boas também, principalmente por Ben Stiller, que mesmo tendo um péssimo personagem para trabalhar, consegue dominar a cena sempre que aparece. Ele possúi uma combinação certa de comédia e seriedade que funciona tanto para o humor quanto para o drama. Greta Gerwig é até simpatica, mas o seu personagem nos tira qualquer possibilidade de apego à ela. A surpresa fica por conta de Rhys Ifans (que, como eu já disse, é o personagem mais maduro do filme), fazendo um homem carismático mesmo com poucas falas e justifica o fato de todos gostarem dele, pena que ele não teve muitas falas e aparições.

Veredicto: Pode enganar muitos com o seu estilo "cabeça". Mas basta uma análise um pouco mais profunda para encontrar enormes falhas no roteiro. E a idiotice levada à sério, é uma coisa que deveria ser proibida nos filmes.

Nota:1.5/5

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Crítica: Os Irmãos Cara-de-Pau (The Blues Brothers, 1980)

Por: Dimitri Yuri

Esse é um filme muito descompromissado, mas isso funciona excepcionalmente bem para a sua comédia (e também para defini-lo como único). E se o filme é quase um musical, a música tem que ser boa. Portanto é com alívio que eu digo que esta é uma das melhores trilhas sonoras de todos os tempos. Nenhum fã de Blues ou Soul ficará desapontado. Sem falar que o filme é muito, mas muito engraçado.

O filme começa na prisão, onde vemos um sujeito misterioso com uma tatuagem na mão com o nome Jake (John Belushi). Ele está saindo da cadeia e quem vai buscá-lo é o seu irmão Elwood (Dan Aykroyd). Mostrando a conversa deles no carro nós ficamos sabendo como é a relação entre os irmãos e o mais importante, eles são grandes músicos. Eles estão indo visitar o lugar onde foram criados por freiras. Reparem que a cena é filmada de um modo bem sério, até o ponto em que eles pulam da ponte, o que contrasta muito e assusta, é impossível não rir (a mesma técnica foi usada em "Muito Além do Jardim", que é uma comédia filmada como um drama, e sempre nos surpreende).

Chegando nesse antigo lar, os irmãos descobrem através de uma freira assustadora que a igreja parou de financiar o abrigo e ele vai ser vendido para o ministério da educação, a não ser que arranjem 5,000 dólares a tempo. Com a idéia de roubar (afinal, eles são totalmente fora da lei), os irmãos se oferecem para ajudar. Mas a freira percebe que eles conseguirão o dinheiro ilegalmente e não aceita. Contudo, ao visitar uma igreja bem musical (onde o reverendo é ninguém menos que James Brown) Jake tem a brilhante idéia de remontar a antiga banda dos irmãos (os "Blues Brother" do título original do filme). Eles então partem em uma missão para achar os antigos integrantes da banda, convencê-los a voltar e fazerem 5,000 dólares em um curto período.

Além do enredo ser muito divertido (mistura Road-Movie com uma comédia bem baixa, quase satírica), os diálogos são sensacionais e lembrados até hoje. Desde o clássico "Eles não vão nos pegar, nós estamos em uma missão para Deus" até quando Jake pergunta ao irmão com qual frequência o trem passa perto do apartamento, e Elwood responde: "Tão frequentemente que você nem vai notar" e inúmeras grandes tiradas. O inesperado dá um charme único ao filme, você acabará rindo muito e nem saberá porquê. O melhor é que coisas entranhas acontecem, como o prédio que eles moram é demolido com uma bazuca e eles continuam indiferentes. Os poucos números musicais que o filme tem não possuem coreografias muito empolgantes, mas a música é sempre maravilhosa.

A direção fica por conta de John Landis (que também é responsável por "Um Príncipe em Nova York" e "Um Lobisomen Americano em Londres"). Ele é muito inteligente na maioria de sua escolhas, como os exageros de seus efeitos especiais (a freira com poderes sobrenaturais, o pulo da ponte ou a última cena, que é pra mim, a definição perfeita da palavra "caos"). Mas, provavelmente o melhor momento da direção são as perseguições de carro, que entram para a lista de melhores já feitas, prestando claras homenagens a outros grandes filmes, como "Operação França" por exemplo (só pelo fato de um filme de comédia ter uma das melhores perseguições de todos os tempos já mostra que é um filme de qualidade).

John Belushi e Dan Aykroyd dominam a tela o tempo inteiro e fazem juz a sua importância. Desde o início eles apresentam uma química invejável, e o mais importante, conseguem estabelecer um visual "Cool" e pateta ao mesmo tempo, o que os faz funcionar em todas as cenas. Outro grande momento do elenco são as participações especiais, e bota especial nisso. Aretha Franklin, James Brown e Ray Charles dividem a tela com os protagonistas e claro, têm a chance de cantar (um detalhe, todos eles estão muito bem no filme). Outro especial mas que não é cantor é John Candy, que faz um hilário chefe de policia.

Veredicto: Você não pode perder esse filme por dois motivos: primeiro, ele é extremamente engraçado e tem ótima música. Segundo, eles estão em uma missão de Deus!

Nota:4.5/5