domingo, 18 de julho de 2010

Crítica: A Ressaca (Hot Tub Time Machine, 2010)

Por: Dimitri Yuri

Uma homenagem aos clássicos do gênero "viagem no tempo", "A Ressaca" junta muitos elementos de outros filmes, mas não mostra nada novo, e também não tem um enredo muito divertido como o de "De Volta Para o Futuro". Ele só não é um filme completamente ruim, pois ele tem engraçadíssimas atuações pelos quatro protagonistas, e pelo fato dele não se levar muito à sério.

Nós somos apresentados à três antigos amigos, que se juntam novamente após um deles sofrer um acidente e ir parar no hospital. Ele são Adam (John Cusack), Nick (Craig Robinson) e Lou (Rob Corddry). O primeiro é um recém-divorciado, que não está nem um pouco satisfeito com a vida que leva. Lou é um doido que só quer saber de ficar doidão e fazer a mesmas besteiras que fazia quando era jovem (ele que foi pro hospital). Dos três amigos, Nick é que aparentemente está mais contente com a sua vida, ele está casado, e parece ser o mais maduro do grupo. O problema é que eles começam a suspeitar que o acidente de Nick foi, na verdade, uma tentativa de suicídio.

E preocupados com o amigo, eles resolvem fazer uma viagem para a cidade que eles iam passar férias quando estavam na flor da idade. Mas quando os quatro chegam na cidade (o quarto membro do grupo é Jacob, interpretado por Clark Duke, ele é o sobrinho de Adam que acaba indo junto na viagem) eles descobrem ela está quase abandonada e o antigo hotel em que eles ficavam está caindo aos pedaços. Mas mesmo assim eles resolvem passar a noite no local. E enquanto eles estam conversando na Jacuzzi, algum tipo de mágica acontece, que eles vão parar na década de 80. Assim como na maioria dos filmes do gênero, eles tem que tomar cuidado para não alterar o futuro e tentar achar um jeito de sair dali.


Esse é o segundo filme de Steve Pink (que já tinha feito o fraco, mas divertido "Aprovados"). E ele acerta na maioria de suas escolhas, a auto-sátira é bem colocada mas há algumas montagens frenéticas que destoam do resto do filme. Ele abraça a fantasia que foi tão popular naquela década, e esquece esse negócio de tentar ser realista. Mas o maior triunfo do filme é o fato de ter deixado os quatro atores principais fazerem o que sabem, e estabelecerem uma grande química em cena (mesmo com a relação entre eles sendo um pouco cliché). Nesse aspecto dos amigos, o filme se parece "Se Beber, Não Case", mas não é tão engraçado. A trilha sonora é muito boa, com classicos dos anos 80 que agradarão qualquer um que goste desse estilo musical.

Como é de se esperar, o roteiro está entupido de alusões à outros filmes, mas não se preocupa em criar uma coisa nova. As piadas vem na maior parte dos dialogos, mas o filme tem as suas recaídas em que mostra simplesmente pessoas caindo no chão para, sem sucesso, conseguir humor. O enredo tem aquela mesma história de "não fazer nada que possa alterar o futuro", que é divertida, mas já está velha e batida. O fato de todos os protagonistas se drogarem no filme (que é um dos maiores problemas com os filmes de Judd Apatow) está presente em quase todas as cenas desse. Pode até ser assim que eles levam a vida deles, mas jovens/adultos drogados, filosofando sobre o quão insignificante é a vida, não é engraçado, e sim incrivelmente chato. A única coisa boa é que o final é diferente de todos os outros e muito satisfatório.

John Cusack (que parece ter se especializado em personagens que se recusam a amadurecer) faz a mesma coisa de sempre nesse aqui, e apesar de funcionar e ser um bom ator, não se da tão bem na comédia, e quando comparado com Craig Robinson (que tem um tempo cômico admirável) fica bem fraquinho. Rob Corddry é, como sempre, hilário e no entrega as melhores piadas do filme. Clark Duke surpreende fazendo um adolescente plausível (que é misteriosamente mais maduro que os adultos) e engraçado. Uma participação muito divertida é a de Crispin Glover (que esteve em "De Volta para o Futuro") fazendo o carregador de malas complexado por não ter um braço.

Veredito: Pode ter alusões e performances engraçadas, mas "A Ressaca" não tem um roteiro suficientemente inspirado para sobreviver sozinho.

Nota: 2/5